Box 4-5-9, Edição de Natal 2002 (pág. 6-7) => http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_holiday02.pdf
Título
original: “La espiritualidad de A.A. tiene cabida para todas
las religiones, o ninguna”.
“Depois de ter lido grande quantidade de material
informativo sobre A.A. em seu sítio na Web (www.aa.org), me armei de suficiente coragem para assistir a minha primeira reunião”
escreveu um iniciante chamado Ben E., numa mensagem eletrônica dirigida ao
Escritório de Serviços Gerais – ESG, no passado mês de julho (em 2002). “Embora me tenha mantido sem beber desde o dia 11 de junho, minhas
primeiras 24 horas de abstinência, acredito precisar da ajuda e do apoio de um
Grupo de A.A. para me assegurar no processo de sobriedade e evitar uma recaída.
A pergunta que quero lhes fazer é a seguinte: como conciliar o fato de que A.A.
parece ter um forte componente espiritual com o fato de que eu sou ateu
convicto? Ofenderei outras pessoas na reunião se não rezo o Pai-Nosso? Seria um
fator perturbador o fato de um incrédulo ficar entre pessoas crentes em Deus?”
Um membro do pessoal do ESG lhe enviou a seguinte
resposta: “Podemos lhe dizer, Ben, que
muitos membros de A.A. que foram e ainda são ateus ou agnósticos, têm podido
manter-se longe do primeiro gole, dia após dia, colocando em prática os
princípios da Irmandade representados pelos Doze Passos e as Doze Tradições. No
que dizem respeito à fé, os AAs sóbrios caminham por trilhas muito diferentes.
A.A. não é um programa religioso. Dizemos em nosso Preâmbulo que não estamos
ligados a nenhuma seita ou religião, e que o único requisito para ser membro de
A.A. é o desejo de parar de beber”.
Disse ainda que, “em muitos Grupos dos EUA e Canadá é tradicional encerrar as reuniões
proferindo o Pai-Nosso ou a Oração da Serenidade, porém, cabe ao Grupo
determinar o que, como e se fazer ou não. É provável que, segundo alguns
pioneiros, o costume de rezar o Pai-Nosso tenha sido herdado do Grupo de
Oxford, precursor de A.A.
Os Arquivos Históricos de A.A. guardam materiais
explicando que naqueles primeiros tempos em que não existia literatura própria
e nem sequer a Irmandade tinha um nome, os Grupos pioneiros recorriam a
leituras na Bíblia para inspiração e orientação. Com o tempo essa inclinação
religiosa foi desaparecendo na medida em que ficava cada vez mais claro que o
programa de recuperação de A.A. – na medida em que a Irmandade ia produzindo
sua literatura, podia superar todas as barreiras, aí incluídas as barreiras
étnicas, políticas, sexuais, sociais ou religiosas.
Contudo, o Pai-Nosso continuou a ser proferido em
muitas reuniões ao redor do mundo. É razoável supor que esse costume de
encerrar as reuniões com essa oração teve continuidade porque, como Bill W.
explicou mais tarde, ‘não queriam encarregar aos oradores e coordenadores o trabalho, molesto
para muitos, de criar suas próprias orações’.
Está claro que em toda a história de A.A. a profissão de qualquer oração tem
sido um ato estritamente voluntário. É procedimento adotado pela maioria dos
Grupos, que o responsável pela coordenação, ao anunciar qualquer oração, peça
aos presentes que o façam ‘se não tiverem objeção e assim o desejarem’”.
Na carta que Ben recebeu,
o membro do pessoal do ESG faz notar: “Bill
W. se declarou durante um tempo como sendo ateu ou agnóstico. Ele acreditava
que esse assunto era uma questão de grande significado para A.A. e por isso foi
dedicado ao tema integralmente o Capítulo IV do Livro Azul – Nós os Agnósticos.
Também no folheto ‘Você pensa que é diferente? ’, aparecem as histórias de um agnóstico e de um ateu.
A experiência coletiva de A.A. sugere que, para
alcançar a sobriedade e se manterem sóbrios, os alcoólicos precisam aceitar e
depender de uma entidade ou força espiritual que reconheçam como superior a si
próprios. Alguns escolhem o Grupo de A.A. como seu ‘Poder Superior’; outros ao ‘Deus conforme sua própria
concepção’; e outros dependem de conceitos muito diferentes. O mais importante
é que os membros, de forma individual, tenham completa liberdade para
interpretar estes valores da maneira que melhor lhes convir; ou para não pensar
neles em absoluto. Quanto a rezar o Pai-Nosso, ou, hoje em dia, a popular ‘Oração
da Serenidade’ – ou participar de
qualquer atividade do Grupo, a decisão cabe unicamente à maioria ou à
consciência coletiva do Grupo. A mais ninguém.
Portanto, Ben, você não tem que participar de
nenhuma oração, e se alguém se sente ofendido por isso, não é um problema seu,
mas dele. E, enquanto a ser o ‘incrédulo’ do Grupo, isso também é assunto
exclusivamente seu. É de se esperar que encontre um padrinho compreensivo que
possa guiá-lo nos Passos e ajudá-lo a esclarecer suas dúvidas e acalme suas
inquietações. Se você comparecer regularmente às reuniões e se mostrar disposto
a servir o Grupo, seus novos companheiros, sem dúvida, irão lhe proporcionar
uma acolhida muito positiva.
Também gostaria de lhe dizer que acredito que
a totalidade é algo mais que a soma das partes. Em muitíssimas reuniões de A.A.
a sala parece repleta de fé e amor e carinho mútuo. Estas coisas eu as sei de
uma maneira diferente da costumeira maneira de saber; e, embora não possa
demonstrá-lo, eu sei que é realidade. Alguns companheiros, conhecidos meus ao
dizer Deus não se referem a um ser sobrenatural ou seguem o conceito
judaico-cristão, porém, querem dizer uma ‘direção boa e ordenada’ e esse
conceito me ajudou a abandonar o círculo de debate a respeito das crenças de
outras pessoas”.
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