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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

5.1. A respeito de colocar a tradição do anonimato em primeiro lugar


Box 4-5-9, Natal / 1988 (pág 10-11) => http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_holiday88.pdf
Titulo original: “Respecto a colocar en primer lugar la tradición de anonimato”.

Recentemente, em uma reunião de Grupo celebrada em Nova Jersey, um dos participantes propôs uma modificação de grande monta na literatura de A.A. Provocou alguma comoção.
A proposta era que a Décima Segunda Tradição, também conhecida como a tradição do anonimato, fosse “elevada” da última da lista para ser dali em diante a Primeira Tradição.
Um dos temas tratados nessa reunião, foi como reativar a consciência interna da Irmandade a respeito da importância do anonimato para o futuro desenvolvimento e sucesso de A.A. O membro em questão usou o seguinte argumento: Se o anonimato é de primeira importância para o bem estar de A.A. – e certamente é, então a tradição do anonimato deve ser a primeira e não a última e por conseguinte deve encabeçar a lista.
Considerando o mal compreendido que devem estar o significado e o propósito por parte dos membros em geral, esta sugestão parecia ter seu mérito. Efetivamente, esta nova lógica quase nos estava gritando que o “álcool” e o “anonimato” eram as palavras-raízes do nome da Irmandade. Portanto, já que o “álcool” e o tema e o impulso principal do primeiro dos Doze Passos, não seria justo e apropriado que “anonimato”, com a mesma importância no que diz respeito à Irmandade, fosse o tema e o impulso principal da primeira das Doze Tradições?
            Parece fazer sentido. Mas, realmente o tem?
            Alguns dias depois dessa reunião em Nova Jersey, o subcomitê de Informação Pública dos Custódios foi informado desta proposta – e seguiu-se uma discussão muito instrutiva da qual surgiu, aliás, com grande rapidez, evidência incontrovertível de que a Decima Segunda Tradição, a tradição do anonimato, é a décima segunda e última porque assim deve ser. De acordo com a exposição do membro do comitê, na mente da maioria dos principiantes – inclusive na de grande parte de membros com vários anos de sobriedade, e com certeza para a maioria das pessoas de fora da Irmandade, “anonimato” equivale a “vergonha” ou “medo”, e praticar o anonimato é esconder-se. Esta é, de fato, a impressão provocada pela palavra “anonimato” quando não é devidamente explicada, principalmente no que se refere aos membros de A.A.
            Se o mero ou simples anonimato, não explicado, fosse o tema da Primeira Tradição, não iria ser convidativo para o leitor explorar as outras onze, nas que se baseia a tradição do anonimato. Pelo contrário, poderia causar repulsão e, portanto privá-lo, talvez para sempre, de um dos verdadeiros tesouros de A.A.
            Portanto, os motivos do anonimato estão explicados cuidadosa e individualmente nas onze tradições que lhe precedem, com a finalidade de que o membro de A.A. ao chegar à Décima Segunda tenha plena consciência das lições que aprendeu, assim como o consolo, a tranquilidade e outros benefícios derivados da prática do anonimato.
            De acordo com o comitê, ninguém propôs que o Décimo Segundo Passo, que começa dizendo “Tendo experimentado um despertar espiritual, por meio destes Passos...” – quer dizer, os onze anteriores, deveria mudar de lugar na série, passar do último para o primeiro. De forma semelhante, as lições, os objetivos e os benefícios descritos nas primeiras onze tradições estão resumidos e consumados na Decima Segunda Tradição que diz “O anonimato é o alicerce espiritual das nossas Tradições, lembrando-nos sempre da necessidade de colocar os princípios acima das personalidades”.

            Teria algo de ruim (ou “anti-programa”) pôr em dúvida a colocação da tradição do anonimato e depois dedicar uma séria discussão ao assunto? Definitivamente, não. Desde tempos remotos, quando a literatura básica de A.A. começou a ser publicada, sempre houve membros que encontraram palavras ou locuções que, no seu modo de ver, deveriam ser mudadas. Talvez algumas frases inteiras deveriam ser riscadas ou alguns parágrafos suprimidos, ou reorganizados – ou removê-los para outro lugar. Por muito acertada que possa parecer alguma correção ao primeiro olhar, uma consideração mais aprimorada demonstra, a maioria das vezes, que, com relação ao que precede e segue, o conteúdo é precisamente o que deve ser e está onde deve estar sem possibilidade de “melhorá-lo”. Aos que propuseram a mudança, assim como aos demais, a discussão lhes ensinou o raciocínio original que colocou a tradição do anonimato como a décima segunda e última, e ainda deu a este raciocínio uma nova e viva força. 

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