Box 4-5-9, Out. Nov. / 2008 (pág. 3
a 5) => http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_oct-nov08.pdf
Título original: “Bern Smith: Uno de los
principales arquitectos de la Conferencia de Servicios Generales”.
Smith, conhecido entre seus amigos
como “Bern”, não sabia muita coisa a
respeito do alcoolismo ou de Alcoólicos Anônimos. Mas, imediatamente ficou
impressionado com o cofundador de A.A., Bill W., um dos três visitantes.
Mais tarde, Bern descreveria Bill
como “um homem de aspecto parecido com
Lincoln, porém sem barba, alto e esguio, vestido com um terno amassado”.
Intuitivamente, Bern sentiu que gostaria de conhecer a Bill, e convidou-o para
jantar essa mesma noite. (Bill aceitou de bom grado e Bern mais tarde pensou
que a perspectiva de um bom jantar poderia ser muito atraente para Bill naquela
fase de dificuldades na sua vida).
Bern lembrou que durante o jantar,
mantendo seu comportamento de advogado, começou a interrogar a Bill a respeito
do que poderia ter A.A. para tornar possível a um alcoólico alcançar a
sobriedade. “Nessa noite fiquei sabendo
que A.A. tinha uma base espiritual”, disse. “Ele me explicou que um alcoólico que deixou de beber pode ajudar outro
que ainda bebe. Naquela noite fiquei sabendo que não foi pela ciência nem pelo
uso de revigorantes ou tranquilizantes psíquicos que Alcoólicos Anônimos estava
conseguindo deter a doença do alcoolismo, mas através de permanentes preceitos
de humildade, honestidade, devoção e amor, A.A. começava a ter sucesso onde
outros esforços para resolver o problema do alcoolismo tinham fracassado”.
Isto foi o começo de uma amizade que
iria durar até a morte de Bern em 1970.
Ele logo chegaria a Custódio não alcoólico e, posteriormente, presidente da
Junta de Serviços Gerais. Também se converteria num forte aliado de Bill, numa
Junta que às vezes ficava dividida a respeito de determinados assuntos. Uma de
suas contribuições mais importantes foi o apoio que deu a Bill para estabelecer
a Conferência de Serviços Gerais. O conhecimento por parte de Bern dos aspectos
legais e práticos contribuiu de tal maneira no planejamento da Conferência, que
Bill o chamou de se “arquiteto”. Mas
Bern manteve-se no segundo plano na maior parte do tempo, e a Irmandade em
geral o conhecia apenas pelas referências que Bill fazia a ele nas suas
palestras e lembranças.
Bern era natural de Nova York, nascido no Bronx o dia 23 de
dezembro de 1901. Ali foi criado e
formou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Nova York, antes de
iniciar uma bem sucedida carreira de advogado. Morou em Manhattan com sua
mulher Sylvia e suas duas filhas.
Os pais de Bern tinham emigrado da Rússia para
os EUA, onde seu pai trabalhou na indústria do vestiário. A família estava
fadada ao sucesso; Carl, o irmão mais velho de Bern, distinguiu-se como
professor de pediatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Cornell. Sua
irmã, Josephine, graduou-se no Hunter College e chegou a ser professora no
ensino primário. Tanto Carl quanto Bern escreveram artigos e livros nas suas
respectivas áreas. Os escritos de Carl a respeito das doenças do sangue em
crianças tinham elevada consideração, e Bern escreveu sobre comercio
internacional, a indústria da construção e a televisão. Em 1957 Bern foi nomeado Comandante Honorário da Ordem do Império
Britânico pela rainha Elizabeth (esquerda).
No começo, parecia estranho que Bern
sentisse tanta atração por A.A. Não havia alcoolismo na sua família, e ele se
descrevia como um bebedor moderado que nuca teve problemas com o álcool. Mas
lembrava de um amigo sensível e muito talentoso que tinha morrido por causa do
alcoolismo. Este amigo tinha sido contratado para fazer um mural e tinham-se
adotado medidas especiais para mantê-lo sóbrio enquanto realizava o trabalho.
Porém, antes de concluir o projeto amarrou uma bebedeira mortal. Não
conseguiram encontrar nenhum artista com seu talento para substituí-lo e o
mural nunca foi concluído. Nas palavras de Bern, o mural ficou como “um monumento a um artista supremo, e o
espaço em branco como o tumulo de um alcoólico”.
Inclusive durante seu primeiro
encontro com Bill, Bern contagiou-se com o que ele via como o milagre de A.A. e
o que estava fazendo no mundo, embora a Irmandade, em 1944, tivesse apenas uns 10.000 membros – mas crescia muito
rapidamente. Ele se lembrava de outros amigos alcoólicos aos quais não pôde
ajudar, a através de Bill soube porquê seus tímidos esforços tinham fracassado.
“Raríssimas vezes, talvez alguma, um não
alcoólico pode ajudar um alcoólico”, disse numa sessão na Convenção
Internacional de A.A. de 1965 em
Toronto, Canadá.
“Conforme Bill falava comigo aquela tarde
percebi que alguma coisa muito importante estava acontecendo na sociedade
humana”, disse referindo-se ao seu primeiro encontro com Bill. “Certamente foi uma das tardes mais
estimulantes da minha vida. E tal como me foi pedido, comecei a formalizar a
Fundação do Alcoólico como corporação e pouco depois iniciei meus 21 anos como
servidor Custódio”. (Seu período de serviço em A.A. alcançou 26 anos).
Inclusive nessa fase inicial, Bill
disse a Bern que desejava estipular que houvesse uma maioria de não alcoólicos
na Junta de Custódios e diretores da Fundação. Quando Bern perguntou o porquê
esta distinção seria necessária, Bill explicou que os alcoólicos recuperados em
A.A. estavam apenas a um trago de voltar ao desastre. Bern incluiu este
requisito na Carta de Constituição da Fundação embora se tenha visto obrigado a
se referir aos membros alcoólicos como “ex-alcoólicos”,
um termo não utilizado pelos membros de A.A.
Quando Bern apresentou a solicitação
para inscrever a Carta de Constituição em nome da Junta, o secretário do Estado
de Nova York encarregado de recebê-la observou que alguns Custódios eram não
alcoólicos e outros alcoólicos. Preocupado com essa diferenciação, perguntou a
Bern, “Como você pode distinguir esta
diferença do ponto de vista legal?”. Não foi fácil responder, mas a Bern
finalmente lhe ocorreu esta explicação que satisfez os especialistas em leis: “Sentem todos em volta de uma mesa e ponham
um uísque com soda na frente da cada um. Os que não o bebam são os alcoólicos”.
A explicação funcionou e a Junta obteve sua Carta Constitutiva.
O serviço de Bern começou quando
Bill se encontrava no processo de desenvolvimento das Tradições, que finalmente
seriam aprovadas na Primeira Convenção Internacional de Cleveland, em 1950. Embora Bill tenha escrito os Doze
Passos em 20 ou 30 minutos, a preparação e aprovação das Doze Tradições,
iria-se prolongar ao longo de vários anos. Bern se lembrava de não estar
totalmente de acordo com Bill a respeito de adotar a Sétima Tradição, que diz
que A.A. não deve aceitar contribuições alheias à Irmandade.
“Bill precisava insistir reunião após reunião
sobre as razões pelas quais A.A. deveria ser autossuficiente e porquê não
deveria aceitar ajuda financeira do mundo não alcoólico”, lembrava Bern, ao
mesmo tempo que indicava que Bill e Lois viviam então em “estado de necessidade”, e a Junta gostaria de ter mais dinheiro
para poder ajuda-lo a levar uma vida um pouco mais cômoda. Apesar desse estado
de necessidade, Bill persistiu na ideia e essa Tradição, como as outras,
finalmente tomou forma. Bern confessou que teve momentos de dúvidas quando,
como presidente, tinha que assinar cartas rejeitando milhares de dólares em
doações e presentes. Entretanto, Bern diria mais tarde, Bill sabia que uma
sociedade com baseada na espiritualidade tal como Alcoólicos Anônimos deveria
isolar-se das pressões materialistas que, não fosse por esta Tradição, “poderiam vulnerar a unidade desta grande
Irmandade”.
Os membros de A.A. costumam
acreditar que não há coincidências e que boas coisas acontecerão à Irmandade
sob a orientação de Deus. Parece ser algo providencial o fato de Bern estar na
Junta de Serviços Gerais em 1951
quando Bill começou a apresentar a ideia de uma Conferência de Serviços Gerais
para representas a Irmandade de Alcoólicos Anônimos no seu nível básico. Bill
acreditava, e Bern também, que no futuro a Irmandade poder-se-ia dividir se o
Escritório de Serviços Gerais e suas funções não estiverem vinculados a um
organismo representativo da Irmandade em seu conjunto. Acreditavam que uma
Conferência de Serviços Gerais era essencial para a continuidade da Irmandade.
Por diversas razões, houve resistências a esse plano. Alguns
membros da junta, assim como membros de A.A. de algumas cidades, se opunham à
formação de uma Conferência. Bern acreditava que alguns Custódios se atribuíam
o “direito de servir com exclusividade” e
a Conferência de Serviços Gerais iria retirar-lhes esse direito. Bern percebeu
que ganhar cooperação “resultou ser uma
tarefa muito mais difícil do que Bill e eu tínhamos imaginado”.
“Finalmente, depois de
um exaustivo debate e por maioria de apenas um voto, foi aprovada a resolução
de realizar uma única Conferência experimental”, lembrou Bern em 1970.
Esta Conferência não teve nenhuma autoridade real. Foi seguida de outras três
Conferências “experimentais” nas que
Bern serviu como presidente, até a Convenção Internacional de 1955 em St. Louis, onde, oficialmente,
Bill deixou de ser líder de A.A. e a Conferência de Serviços Gerais se
converteu numa parte permanente da estrutura de A.A. e numa força importante
nas funções de serviço de A.A.
Bern indicou que haviam sido
necessárias mais três Conferências “experimentais”,
além da de 1951, antes da proposta
de torná-la uma parte permanente de A.A. Tanto Bill quanto ele concordavam que
as mudanças dentro de A.A. nunca deveriam ser feitas de maneira abrupta, que
devemos nos assegurar de estar certos antes de efetuar qualquer mudança. A Bern
parecia-lhe que a fortaleza intrínseca da Irmandade era tanta, que sempre ira
haver tempo suficiente para mudanças. O mesmo princípio teve continuação anos
mais tarde, quando foi mudada a composição de Junta de Serviços Gerais para ter
uma maioria de membros alcoólicos. Bern tinha apoiado durante algum tempo essa
mudança e, inclusive numa ocasião propôs que se demitissem todos os membros não
alcoólicos. Esta proposta de mudança brusca foi rejeitada, embora com o tempo
os membros alcoólicos chegassem a ser maioria. (N.T.: Em 1966, mudou a relação de Custódios alcoólicos e não alcoólicos na
Junta de Serviços Gerais: eram 15 membros, sendo oito não alcoólicos e sete
alcoólicos e passaram para 21 membros, 14 alcoólicos e sete não alcoólicos
dando, assim, aos Custódios alcoólicos a atual maioria de dois terços.).
Bern prestou
um grande serviço à Irmandade, mas sempre deixou claro que ele tinha-se
beneficiado de seu programa espiritual. Nas palestras que proferiu nas
Convenções Internacionais, falava como não alcoólico, mas também dava mostras
de que acreditava no programa de A.A. e alivava seus princípios na sua própria
vida. Sua irmã Josephine acredita que A.A. lhe satisfez uma grande necessidade
espiritual. Nas suas palestras em assembleias de A.A. dava a impressão de que Bern
falava como um membro, não como alguém não alcoólico. Na Convenção
Internacional de A.A. em 1970, em
Miami Beach, pronunciou uma das suas melhores palestras. Embora Bill estivesse
presente por alguns breves momentos, estava demassiado doente para participar
de forma ativa, Bern o substituiu e proferiu uma palestra muito inspiradora
sobre a unidade e a continuidade em A.A. Esta foi sua última palestra num
evento de A.A.
Embora tivesse
um aspecto vigoroso e cheio de energia na Convenção, um mes mais tarde sofreu
um ataque cardiaco mortal na sua casa em Nova York. Tinha 68 anos de idade e
sua morte repentina provocou grande comoção na sua familia e entre seus amigos.
Bill W. que
faleceu em janeiro de 1971,
descreveu a morte de Bern como uma grande perda pessoal “porque me apoiei nele durante muitos anos. Podia contar sempre com
seus sábios conselhos apenas pedindo-os; desde o começo disfrutei de sua
calorosa amizade”. E acrescentou, “desde
esse mesmo começo, Bern Smith compreendeu os principios espirituais em que a
Sociedade de Alcoólicos Anônimos se baseia. É muito raro encontrar uma
compreesão parecida em pessoas alheias à Irmandade. Mas Bern nunca foi uma
pessoa alheia. Nã apenas compreendia a nossa Irmandade, mas também acreditava
nela”.
Leia também:
“Bernard B. Smith”, artigo de
Bill W. em “A Linguagem do Coração”, pág. 446 – Junaab, código 104
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