Box 4-5-9, Natal / 2008 (pág. 7-8) =>http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_holiday08.pdf
Título original: “¿Qué
es una reserva prudente?”
Não se costuma aplicar a palavra “prudente” aos alcoólicos na ativa.
Porém, para um grupo de alcoólicos sóbrios reunido, a palavra ganha um novo
significado. Conscientes das muitas dificuldades que se podem apresentar na
vida, os membros de A.A. costumam ser a própria definição da prudência na hora
de organizar, apoiar e manter um Grupo de A.A.
Ao perceber a importância do Grupo
para a manutenção da sobriedade dos membros individuais, a maioria dos AAs se
dispõe a deixar de lado as diferenças pessoais e se focar na sobrevivência do
Grupo em longo prazo. Já desapareceram a temeridade autodestrutiva e a
irresponsabilidade que costumam caracterizar o alcoolismo ativo e em seu lugar
surgem o desejo de estabilidade e a boa disposição para colaborar com bem
comum.
No que se refere ao bem comum e à
sobrevivência do Grupo em longo prazo, entre as coisas mais prudentes que o
Grupo pode fazer está a de estabelecer uma reserva econômica – a providencial
poupança para épocas de vacas magras, para ajudar o Grupo a atravessar e
superar tempos difíceis. Assim, se as contribuições declinam ou se apresentam
gastos inesperados, o Grupo estará fortalecido e sempre na possibilidade de
manter suas portas abertas.
Cada Grupo tem gastos fixos que deve
cobrir regularmente para se manter na superfície – o aluguel, água, luz,
impostos, literatura, produtos de higiene, limpeza e copa e as contribuições
aos órgãos de serviço. Estes gastos são pagos com as contribuições regulares
dos membros do Grupo. Porém, a maioria dos Grupos trata de guardar algum
dinheiro para se proteger contra eventualidades, com a intenção de acumular uma
reserva prudente equivalente aos gastos operacionais de um até três meses, em
média. Estes fundos contribuem para assegurar a sobrevivência do Grupo e a
realização do seu objetivo primordial que é o de levar a mensagem ao alcoólico
que ainda sofre.
A contribuição com dinheiro nunca foi
um requisito para se tornar membro de A.A.; entretanto, sempre foi um
ingrediente essencial no trabalho do Décimo Segundo Passo. Como é dito no
folheto “A autossuficiência – onde se misturam o dinheiro e a espiritualidade” :
“O trabalho do Décimo Segundo Passo é o sangue vivificador de Alcoólicos
Anônimos através do qual é transmitida a mensagem ao alcoólico que ainda sofre.
Se não o tivermos, a Irmandade murcharia e morreria. E este contato vital entre
um alcoólico e outro, inclusive nos seus aspectos mais simples, supõe um
investimento de tempo e dinheiro”.
Isto se verifica em todos os níveis
da estrutura de serviço de A.A.: Distritos, Áreas, Escritórios de Serviços
Locais (ESL´s), e até no Escritório de Serviços Gerais de A.A. (ESG), não
poderão funcionar sem dinheiro e dele precisam para poder cumprir suas
responsabilidades com a Irmandade.
Conforme Gary Glynn, Custódio não
alcoólico, emérito e antigo presidente e tesoureiro da Junta de Serviços
Gerais, “Um fundo de reserva prudente e
estável e uma boa capacidade para sua administração são tão espirituais quanto
práticos”. Como Irmandade não almejamos acumular grandes quantias de
dinheiro nem ter tão pouco que fiquemos impossibilitados de cumprir com nossas
responsabilidades e pagar nossas contas. Não é nem espiritual nem prático
acumular ou gastar mais do que o necessário, assim como também não o é ficar
sem dinheiro. Bill W. chamava isso de bom senso econômico.
Do mesmo modo que muitos Grupos dos
EUA e Canadá e ao redor do mundo, a Junta de Serviços Gerais de A.A. tem uma
reserva prudente estabelecida para proporcionar à Irmandade, numa situação de
emergência, os recursos econômicos necessários. O Fundo de Reserva da Junta de
Serviços Gerais de A.A. foi criado em 1954
para garantir que os serviços básicos do Escritório de Serviços Gerais e da
Revista Grapevine continuassem a ser prestados mesmo no caso de haver uma
redução imprevista e substancial dos ingressos regulares da organização, seja
esta redução motivada por grave recessão econômica, uma perturbação interna na
Irmandade, uma mudança na forma de publicar e distribuir a literatura de A.A.,
ou por outra razão qualquer.
O assunto do dinheiro sempre foi um
tema de interesse para a Irmandade. Nos primeiros dias de Alcoólicos Anônimos,
já existiam alguns que sonhavam com acumular grandes quantias de dinheiro e
ansiavam por consegui-lo de qualquer maneira para que o milagre de Alcoólicos
Anônimos pudesse ser difundido o mais rápido possível. Estes pioneiros
demoraram um pouco para perceber sabiamente que se a Irmandade não fosse
totalmente autossuficiente corria o perigo de se perder para sempre. Na medida
em que A.A. crescia e se desenvolvia, podia-se notar com clareza que uma das
maneiras mais seguras para manter a existência da Irmandade era a de assegurar
que continuarias a ser autossustentável negando-se a receber contribuições de
fora, mesmo devido a necessidade urgente ou através de doações de
simpatizantes.
No livro Doze Passos e Doze Tradições, no capítulo referente à Sétima
Tradição, consta o relato de um debate ocorrido durante uma reunião da Fundação
do Alcoólico, precursora da Junta de Serviços Gerais, em 1948, sobre a questão de um legado de dez mil dólares deixado em
testamento por uma senhora que havia morrido. “Na ocasião, a Fundação estava em reais dificuldades financeiras; os
Grupos não estavam contribuindo com o suficiente para o sustento do Escritório;
todos os nossos rendimentos provenientes da venda do Livro Azul, vinham sendo
utilizados e as reservas derretiam-se a olhos vistos. Precisávamos daqueles dez
mil dólares.
Depois se manifestou a oposição. Argumentaram que a Fundação tinha
conhecimento de um total de meio milhão de dólares que pessoas ainda vivas já
haviam reservado para doar a Alcoólicos Anônimos. E só Deus sabia quanto mais
haveria e que não era do nosso conhecimento. Se as doações externas não fossem
recusadas, inteiramente cortadas, a Fundação tornar-se-ia rica um dia.
Então, nossos Custódios escreveram uma página brilhante da história de
A.A. Declararam que, por princípio A.A. tinha que permanecer pobre. Tão apenas
as despesas correntes mais uma reserva prudente resumiriam dali em diante a política
financeira da Fundação. Embora não fosse fácil, declinaram os dez mil dólares e
adotaram a decisão formal de que no futuro todas as doações desse tipo não
deveriam ser aceitas. Acreditamos que naquele instante o princípio da pobreza
coletiva enraizou-se de forma definitiva na tradição de A.A.”
Gary Glynn diz que pobreza coletiva
reflete mais “um estado de ânimo do que
propriamente o saldo da nossa conta bancária. Todos nós conhecemos indivíduos e
organizações que gastam dinheiro que não têm, que vivem acima de suas
possibilidades, seja por fazer caso omisso de suas circunstâncias econômicas
reais ou por dar como assegurado um amanhã rosado. Por isso pode-se ser pobre
sem colocar em prática a pobreza corporativa... O contrário também é possível,
podemos ter uma reserva prudente sem cair na tentação de gastar
desnecessariamente simplesmente porque temos recursos”.
Atualmente, o Fundo de Reserva da
Junta de Serviços Gerais (*) tem
imposto por recomendação da Conferência de Serviços Gerais um limite equivalente
aos gastos operacionais de um ano da combinação de A.A. World Services, Inc. (Serviços
Mundiais de A.A.), a Grapevine de A.A. (a
revista similar da Vivência), e o Fundo Geral da Junta de Serviços Gerais
de A.A., Inc. O Escritório de Serviços Gerais e o Comitê de Finanças da Junta
de Custódios monitoram constantemente o saldo do Fundo de Reserva com o intuito
de assegurar a administração ordenada dos recursos econômicos da Irmandade,
sempre tendo em mente que o objetivo primordial é o de levar a mensagem ao
alcoólico que ainda sofre.
Com autorização outorgada pela Junta
de Custódios, pode-se utilizar o Fundo de Reserva para cobrir outros gastos;
por exemplo, foi utilizado para sufragar os gastos relacionados com a mudança,
e reforma do Escritório de Serviços Gerais e da Grapevine assim como para
financiar importantes melhorias tecnológicas. Também foi autorizada sua
utilização para financiar o desenvolvimento de “La Viña”, a revista em español da Grapevine, por um determinado
período de tempo.
Refira-se a um Grupo, um Distrito, uma Área ou
à Junta de Serviços Gerais, o estabelecimento de um Fundo de Reserva é um
elemento chave do princípio da autossuficiência de A.A. e que pode ter consequências
importantes, sendo a mais significativa, a de assegurar que os serviços de A.A.
estarão disponíveis a todos aqueles que contam com a ajuda da Irmandade para
alcançar e manter a sobriedade.
(*) Estas informações se referem à
estrutura de Serviços Gerais dos EUA/Canadá. A Conferência de Serviços Gerais
de cada país membro têm autonomia para determinar esses procedimentos, metas e
limites.
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