Box 4-5-9, Fev. Mar. / 2008 (pág. 4-5) => http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_febmar08.pdf
Título original: “Jack
Alexander dio a A.A. su primer fuerte empuje”
No começo de 1941, Alcoólicos Anônimos tinha uns 2.000 membros, muitos deles em
cidades grandes, outros em pequenos povoados e outros em lugares isolados. Um
artigo que apareceu em 1939 numa
revista nacional atraiu várias centenas de novos membros, e crónicas publicadas
em jornais de Cleveland e outras cidades deram resultados positivos. Mas para
as pessoas da maior parte da América do Norte, A.A. era desconhecida e os
alcoólicos continuavam morrendo sem saber que tinha sido descoberta uma nova
mineira de recuperar-se que estava dando bons resultados.
Mas isso tudo estava a ponto de mudar
dramaticamente. Em menos de um ano, o número de membros de A.A. tinha
triplicado e a Irmandade já estava em vias de se converter numa instituição
nacional. O homem responsável por essa mudança rápida foi Jack Alexander, um
escritor de 38 anos de idade, que trabalhava para o semanário Saturday Evening Post,
uma publicação que tinha tiragem de três milhões de exemplares e naquele então
era a principal revista familiar dos EUA. O artigo que escreveu a respeito de
A.A., publicado no dia primeiro de março de 1941 com o titulo simples de “Alcoólicos Anônimos”, provocou um
grande interesse pela Irmandade, evidenciado por mais de 7.000 pedidos de
informação, e chegou a ser o ponto mais elevado da sua ilustre carreira.
Aparentemente, como consequência do artigo, outras revistas começaram a
publicar reportagens sobre as atividades de A.A. começando assim uma boa onda
de publicidade que iria durar anos.
O artigo da Jack Alexander ainda está
disponível em forma de folheto editado pelos Serviços Mundiais de A.A. –
A.A.W.S., com o título “O artigo de Jack
Alexander a respeito de Alcoólicos Anônimos” (Junaab, código 228, R$ 2,50).
Embora trate de A.A. em 1941, ainda
oferece informação importante sobre o alcoolismo, o começo da Irmandade e o que
estava dando tão bom resultado aos bêbados, a quem agora damos o nome de pioneiros.
Ademais, o artigo foi elogiado por ser um exemplo admirável de boa organização
e um trabalho excelente que pode ser de utilidade aos estudantes de jornalismo.
Numa sessão da Convenção Internacional de 1985
em Montreal, Maurice Z., membro de A.A. e renomado escritor e biógrafo, já
falecido, disse ter ficado impressionado pelo artigo já em 1941, muito antes de perceber sua própria necessidade de abraçar o
programa.
O que aconteceu para A.A. receber essa
boa publicidade? O que serviu de inspiração e quem foi o responsável por
apresentar a ideia à redação do Post e conseguir que fosse aprovada e
publicada?
O relato da publicação do artigo sobre
A.A. em The Saturday Evening Post é uma história que dá calafrios nos membros
de A.A. porque muitos a veem como um sinal claro da intervenção de um Poder
Superior. Outros a consideram como uma serie de casualidades que acabaram tendo
consequências favoráveis para a Irmandade. Seja qual for a causa, a aparição do
artigo foi um acontecimento importantíssimo para A.A. num momento crucial.
Tudo começou em fevereiro de 1940, quando Jim B. um dos pioneiros de
A.A. de Nova York, mudou para a Filadélfia, sede de The Saturday Evening Post.
Jim iniciou um Grupo de A.A. na cidade e num encontro casual numa livraria,
despertou o interesse do Dr. Wiese Hammer quem, junto com seu colega Dr. C.
Dudley Saul, se tornou defensor entusiasta de A.A. O Dr. Hammer era amigo
íntimo de Curtis Bok, proprietário de The Saturday Evening Post. Depois de
ouvir o Dr. Hammer manifestar seu forte apoio a A.A., Bok sugeriu aos membros
da redação que considerassem a possibilidade de publicar um artigo a respeito
de A.A. A sugestão chegou à sala de Jack Alexander, o repórter por excelência
da revista.
Alexander era um escritor experiente
que (de acordo com Bill), tinha concluído uma serie de artigos sobre o crime
organizado em Nova Jersey. (Isto deu origem à falsa ideia de que ele houvesse
acreditado que A.A. era uma organização de metas duvidosas). Nascido em St.
Louis, Missouri, havia trabalhado para vários jornais e The New Yorker antes de
se incorporar à redação do Post. Há que atribuir a Alexander o mérito de
investigar a fundo uma sociedade que estava lutando pela sobrevivência e que,
quando começou suas indagações tinha-lhe impressionado muito pouco. Embora seus
superiores o tivessem encarregado do projeto, poderia ter feito um estudo
superficial das atividades de A.A. na cidade de Nova York e depois abandoná-lo
por ser de pouco interesse. De fato, quatro anos mais tarde, escreveu que ficou
bastante cético depois do seu primeiro contato com quatro membros de A.A. que o
visitaram no seu apartamento uma tarde. “Contaram-me
histórias horríveis a respeito de suas desventuras com a bebida”, disse. “Essas histórias pareceram-me inverossímeis
e, quando foram embora, eu tinha uma leve suspeita de que me estavam
provocando. Comportaram-se como um grupelho de atores enviado por uma agencia
de artistas da Broadway”.
Entretanto, Alexander, por ser um
profissional, não iria abandonar o trabalho motivado apenas por uma entrevista
pouco satisfatória. Na manhã seguinte foi-se entrevistar com Bill W. no pequeno
escritório de serviços gerais na Rua Versey, ao sul de Manhattan. Os dois simpatizaram desde o
começo. Alexander caracterizou Bill como “um
homem perfeitamente encantador, experto em doutrinar o leigo em psicologia,
psiquiatria, fisiologia, farmacologia e folclore do alcoolismo. Dedicou a maior
parte do tempo a dar-me explicações sobre o que se tratava. Foi uma experiência
muito interessante, mas no fim eu ainda estava duvidando e aguardando. Sabia
que tinha a oportunidade de redigir uma reportagem de algum interesse, mas,
infelizmente, não acreditava na matéria e disse isso claramente a Bill”.
Chegando neste ponto, Alexander poderia
ter adiado o trabalho para uma futura consideração ou tê-lo abandonado. Mas
Bill W. estava resolvido a não deixar isso acontecer. Deixou tudo e se dedicou
a convencer a Alexander que fosse investigar A.A. em outras cidade,
particularmente nos Grupos de Akron e Cleveland. Conforme lembrou Bill
posteriormente, “Trabalhando dia e noite
[Jack] passou um mês inteiro conosco. O Dr. Bob, eu e os veteranos dos
primeiros Grupos de Akron, Nova York, Cleveland Filadélfia e Chicago, passamos
incontáveis horas com ele. Quando finalmente pode sentir A.A. nos seus próprios
ossos, pôs-se a escrever o artigo que iria ter um impacto tão profundo nos
bêbados e suas famílias em todas as partes do país”.
Alexander disse que ficou muito
impressionado com A.A. nessas cidades. “Mas
o fator decisivo foi a minha experiência em St. Louis, minha cidade natal. Ali
vi uns quantos amigos meus que eram membros de A.A., e desapareceram os últimos
vestígios de ceticismo. Fazia um tempo que estes amigos eram bêbados
incorrigíveis, e agora vi todos eles sóbrios. Não me parecia que isso fosse
possível. Mas foi”.
Agora convertido num firme partidário
de A.A., Alexander terminou o artigo e enviou-o a Bill e ao Dr. Bob para eles
fazerem seus comentários. Deram apenas umas pequenas sugestões, mas nas cartas
trocadas entre Bill e Jack, percebia-se que Bill não queria que aparecesse
referencia alguma ao Grupo de Oxford, uma associação de cujos princípios
básicos A.A. se tinha apropriado, mas que a partir de 1936 foi perdendo a estima do público em geral. Alexander disse que
seus editores haviam-lhe pedido para incluir alguma referencia ao Grupo de
Oxford, mas ele acabou por minimizá-la.
Então, o Post fez um pedido que poderia
ter posto um fim ao projeto. Os editores queriam que fossem incluídas
fotografias no artigo e Bill acreditava que isto seria uma violação do
anonimato. Mas quando os editores disseram que sem fotos o artigo não seria
publicado, Bill superou suas dúvidas, percebendo que não poderia ser perdida
essa oportunidade única. Numa das fotos que acompanham o artigo de Alexander,
aparecem Bill e outros sete companheiros na frente do velho clube da Rua 24 de Manhattan, sem indicação de nomes. Na
foto principal, também sem identificação vê-se um bêbado que está tentando
tomar um trago, segurando a mão com uma toalha para controlar a tremedeira;
noutra foto aparece um homem deitado na cama de um hospital rodeado por três
visitantes de A.A., e na quarta foto, um homem sendo transportado para o
hospital numa maca.
Publicado em março de 1941, o artigo de Alexander despertou
uma reação que quase esgotou os recursos do pequeno escritório da Rua Versey. O
Post remeteu a A.A. milhares de cartas que tinham chegado de todas as partes de
Norte-américa. Fez-se necessário recrutar voluntários para responder as cartas
e outras cartas foram remetidas a membros e Grupos de A.A. nos lugares de
origem. Uma vez que A.A. tinha, naquele então, pouca literatura de sua própria
publicação, o artigo serviu como material informativo para os membros de A.A..
Em Toledo, Ohio, por exemplo, os membros deram alguns dólares a um
recém-chegado chamado Garth e o encarregaram de comprar os exemplares da
revista em todas as bancas da cidade (o preço de cada exemplar era cinco
centavos). Estes exemplares eram utilizados como parte da literatura para
principiantes. Passados nove anos, o Post publicou outro artigo escrito por
Jack Alexander com o título “O melhor
amigo do bêbado”. Embora não tivesse o impacto dramático do primeiro
artigo, informava detalhadamente o que tinha acontecido à Irmandade e o que
prometia para o futuro, uma promessa que foi cumprida com folga. Nessa época
A.A. tinha 96.000 membros e a mensagem estava sendo difundida em outras partes
do mundo.
Desde que conheceu a Irmandade, Jack Alexander
foi amigo de A.A. pelo resto da sua vida e inclusive serviu como Custódio
Classe A – não alcoólico, desde 1951
até 1956. Diz-se que fez a revisão
final do manuscrito de Bill Os doze Passos e as Doze Tradições, publicado em 1953. Chegou a ser o editor chefe do
Post e na homenagem que lhe foi oferecida por ocasião da sua aposentadoria em 1961, o Post referiu-se ao artigo sobre
Alcoólicos Anônimos como sendo o mais famoso que ele tinha publicado na
revista. Com problemas de saúde, retirou-se e com sua esposa mudou-se para a
Florida onde morreu em 17 de setembro de 1975.
Bill W. tinha morrido quase cinco anos
antes, assim não apareceu nenhum tributo especial como os que Bill escrevia
para homenagear outros amigos de A.A. dos primeiros dias. Mas, desde a Grande
Reunião nos céus, Bill poderia ter elogiado Jack como o homem que “marcou um golaço” para nós e com suas
palavras salvou as vidas de milhares de pessoas. Ainda que não houvesse sido
publicado o maravilhoso artigo de Jack, A.A. teria sobrevivido e continuaria se
desenvolvendo. Mas Jack se apresentou no momento propício com as palavras
idóneas na época. Sem a perseverança de Jack e a confiança que tinha em A.A., é
possível que muitos tivessem morrido sem conhecer a descoberta e experimentado
o sucesso de uma nova forma de recuperação. Bill W. e os demais pioneiros
perceberam a dívida que tinham com Jack e nunca deixaram de se sentir
agradecidos com o repórter estelar que no começo acreditou que o estavam
provocando.
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