Box 4-5-9, Natal 2003 (pág. 3-4)
Título original: “La
Oración de la Serenidad: Tanta substancia de A.A. en tan poca palabras”
Para os AAs de todos os lugares, a querida
Oração da Serenidade é um mantra para toda ocasião imaginável; uma brisa
refrescante em um rosto avermelhado pela ira, uma curta canção de gratidão por
boas noticias, um guia consolador diante das más noticia, - a segurança
reconfortante de que o mundo vai-se desenvolvendo como deve ser.
David R., de Oakland, Califórnia,
diz: “Quando, num dia de calor
escaldante, me encontro na rodovia 101 no meio de um congestionamento
quilométrico, com centenas de caminhões parados devido a um acidente à frente,
começo a recitar a Oração da Serenidade para me proteger contra a fúria da
estrada, e obtenho o efeito desejado”. Karen
M., de Richmond, Virgínia, diz que, “quando
tenho que fazer alguma coisa que ameaça com um ataque de nervos, como por
exemplo, pedir ao meu chefe um aumento no salário ou pedir desculpas por não
ter feito bem alguma coisa, recito a Oração da Serenidade várias vezes e isso
me tranquiliza como se fosse uma arte de mágica”. John D., de Chicago, diz
que a oração “me ajuda tanto nos bons
momentos quanto nos maus. Sempre aflora nos meus lábios de forma natural quando
as coisas estão muito ruins, mas também trato de lembrá-la para agradecer a
Deus quando as coisas estão indo bem, como no meu aniversário de A.A. ou nas
raras ocasiões em que passo um fim de semana com a minha mulher”.
Este é o recorte do texto que
apareceu em 1941 no New York Herald Tribune.
Bill
W., cofundador de A.A., disse: “Nunca
tínhamos visto tanta substância em tão poucas palavras”. No livro “Alcoólicos Anônimos
atinge a maioridade”, Bill conta que no começo de 1942, Ruth Hock, a primeira secretária nacional de A.A., não
alcoólica, mostrou a ele e a outros que se encontravam aglomerando o pequeno
escritório de Nova York um pequeno obituário que tinha aparecido no Herald
Tribune de Nova York que finalizava com estas palavras: “Deus, concede-nos a serenidade para aceitar as coisas que não podemos
mudar, a coragem para mudar as coisas que podemos e a sabedoria para reconhecer
a diferença”. (N.T.: a imagem
que ilustra o parágrafo acima não faz parte da transcrição deste artigo).
Alguém sugeriu que essas linhas fossem
impressas em pequenos cartões de visita e incluí-los na correspondência emitida
pelo escritório e assim a Oração da Serenidade começou a fazer parte integrante
da vida de A.A. Desde então, foi traduzida para os muitos idiomas falados pelos
AAs no mundo todo e é proferida em voz alta nas reuniões e silenciosamente nos
corações. Durante mais de meio século a oração veio se entretecendo tão
intimamente na filosofia de A.A. que perece difícil aos membros lembrar que não
teve origem na experiência de A.A.
Entretanto, a pesar de anos de
investigação por parte de historiadores e inúmeras conjeturas por parte de
amadores, a exata origem da Oração da Serenidade continua a ser um mistério. O
que parece indiscutível é a reclamação de autoria feita pelo teólogo Reinhold
Niebuhr, que numa entrevista disse haver escrito a oração como nota final de um
sermão a respeito do cristianismo prático. Mesmo assim, Niebuhr admitiu alguma
dúvida ao acrescentar
“supostamente, é possível que tenha estado muitos anos, inclusive séculos, aparecendo aqui e acolá, porém não acredito. Acredito sinceramente que eu próprio a escrevi”.
“supostamente, é possível que tenha estado muitos anos, inclusive séculos, aparecendo aqui e acolá, porém não acredito. Acredito sinceramente que eu próprio a escrevi”.
Com sua permissão, durante a Segunda
Guerra Mundial a Oração da Serenidade foi impressa em cartões que foram
distribuídos aos soldados americanos. Até então já tinha sido impressa pelo
Conselho Nacional de Igrejas assim como também por Alcoólicos Anônimos.
Ao sugerir que a oração poderia ter
aparecido aqui e acolá durante séculos, parece que Niebuhr estava certo. De acordo com Bill W.: “Ninguém pode dizer com segurança quem foi o primeiro a escrever a
Oração da Serenidade. Alguns dizem que veio dos antigos gregos; outros que saiu
da pena de algum poeta inglês anônimo e outros que foi escrita por um oficial
da marinha americana”. Sua origem também foi atribuída a antigos textos
sânscritos e aos distintos filósofos Aristóteles, Santo Agostinho, Tomás de
Aquino e Espinosa. Um companheiro de A.A. encontrou entre “Os seis erros do ser
humano” do escritor romano da antiguidade, Cícero, a seguinte frase:
“A tendência a se preocupar com coisas que não podem ser mudadas ou corrigidas”.
“A tendência a se preocupar com coisas que não podem ser mudadas ou corrigidas”.
De
fato, ninguém encontrou o texto da oração entre os escritos destas supostas fontes
originais. O que certamente são muito antigos, como a citação de Cícero, são as
questões da aceitação, a coragem para mudar o que pode ser mudado e a
disposição para se desprender daquilo que está fora da nossa capacidade para
ser mudado. Com certeza, a busca da origem dessa oração tem sido como descascar
uma cebola e às vezes é preciso recomeçar de novo. Por exemplo, em julho de 1964, a Grapevine recebeu o recorte de
um artigo publicado no Herald Tribune de Paris onde o correspondente informava
ter visto em Koblenz, Alemanha, uma placa gravada com as seguintes palavras:
“Deus, concede-me o desprendimento para aceitar as coisas que não posso alterar; a coragem para alterar as coisas que posso alterar; e a sabedoria para distinguir uma coisa da outra”.
“Deus, concede-me o desprendimento para aceitar as coisas que não posso alterar; a coragem para alterar as coisas que posso alterar; e a sabedoria para distinguir uma coisa da outra”.
Finalmente parecia haver aqui uma prova
concreta com citação, autor e data da Oração da Serenidade. Más não. Quinze
anos mais tarde, em 1979, Peter T.,
de Berlim, disse a Beth K., membro do pessoal do ESG à época, que na sua
primeira forma, a oração teve origem no filósofo romano Boécio (480-524), autor de “Os consolos da filosofia”.
Existem
mais reclamações e, sem dúvida, irão continuar as descobertas nos anos
vindouros. Entretanto, uma ideia compartilhada por muitos é a de que, a Oração
da Serenidade, seja qual for sua origem, antiga ou moderna, parece ter surgido
de uma percepção humana fundamental e de uma sabedoria nascida do sofrimento.
Fora o Pai-Nosso e a oração de São
Francisco, não há outras palavras e conceitos, ao mesmo tempo práticos e
espirituais, que tantos membros de A.A. levem gravados nas suas mentes e em
seus corações na sua viagem de sobriedade em direção a uma nova maneira de
viver.
Bill
W. referiu-se a este fenômeno ao agradecer um amigo de A.A. que o presenteou
com uma placa onde estava escrita a oração: “Na
criação de A.A., a Oração da Serenidade foi um bloco de construção muito
valioso, realmente uma pedra angular (*)”.
E falando em pedras angulares, mistérios e
coincidências, um trecho da rua 120 de Manhattan, que ladeia o prédio onde se
encontra o ESG, entre as ruas Riverside e Broadway, é conhecido pelo nome
Reinhold Niebuhr Place.
(*)
N.T.: Pedra angular (ou fundação de pedra) é a primeira pedra conjunto na construção
de uma fundação de alvenaria, importante, pois todas as outras pedras serão
definidas em referência a essa pedra, determinando assim a posição de toda a
estrutura.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedra_Angular
Para saber mais:
Leia o artigo “A espiritualidade de A.A. tem espaço para todas as religiões, ou
nenhuma”, no Box 4-5-9 Natal/2002
(pág. 6-7) Para saber mais:
http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_holiday02.pdf
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