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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

8.5. Dr. Harry Emerson Fosdick (1878-1969)

Box 4-5-9, Inverno (Dez.) 2011 (Pág. 8-9) => http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_winter11.pdf
Título original: Reseña inicial impulsa el Libro Grande de A.A.”.

           
O Livro Grande (Livro Azul, no Brasil) Alcoólicos Anônimos, foi qualificado de muitas maneiras desde sua primeira publicação em 1939, incluindo “estranho” pelo New York Times e “curioso” pela Revista da Associação Médica Americana nas críticas literárias publicadas em outubro daquele ano. Entretanto, algumas pessoas, muitas das quais trabalhavam diretamente com os alcoólicos nas suas respectivas profissões também reconheciam a mudança radical inerente à forma de A.A. tratar o alcoolismo e ofereceram seu apoio aquele grupo que estava começando a encontrar seu caminho.
            Um destes profissionais foi o Dr. Harry Emerson Fosdick, um bem conhecido ministro da Igreja Riverside da cidade de Nova York, que escreveu uma resenha muito favorável ao livro e apoiou com entusiasmo seus métodos. Seu apoio inicial supôs um grande impulso para a Irmandade e deu credibilidade à forma inovadora de tratar o alcoolismo esboçada no texto básico de A.A.
O Dr. Fosdick, um amigo não alcoólico de A.A., tinha uma fé profunda no processo e nos procedimentos de A.A., e percebeu a grande ajuda que poderia supor para os membros do clero e outros profissionais que lutavam para ajudar e compreender os muitos alcoólicos com quem tinham contato diariamente. Na sua resenha, aparecida poucos meses depois da publicação do livro em 1939, dizia, em parte, “Este livro extraordinário merece atenção esmerada de toda pessoa interessada no problema do alcoolismo. Sejam as vítimas, amigos das vítimas, médicos, clérigos, psiquiatras ou assistentes sociais... este livro irá lhes dar, melhor que qualquer outro livro conhecido por este escritor, uma perspectiva interna do problema enfrentado pelo alcoólico”.
Na sua resenha, o Dr. Fosdick defendia o emergente grupo e seu itinerário para a recuperação. “Este livro nos apresenta a experiência acumulada de cem homens e mulheres que foram vitimas do alcoolismo – muitos deles considerados irremediáveis pelos especialistas, e que ganharam a libertação, recuperaram sua sanidade e o domínio de si próprios. Suas histórias são detalhadas e circunstanciais, de intenso interesse humano. Atualmente, na América estão aumentando os casos da doença do alcoolismo. A bebida ofereceu uma fuga fácil da depressão. Um oficial do exercito inglês na Índia, ao ser repreendido por beber em excesso disse levantando o cálice: ‘Esta é a via mais rápida de sair da Índia’; da mesma maneira, muitos americanos utilizam as bebidas fortes para fugir dos seus problemas até que, para sua grande consternação, descobrem que, embora sejam livres para começar a beber, não são livres para parar...
Este livro não é sensacionalista em nenhum sentido. Distingue-se pelo seu senso comum, sua moderação e a ausência de exagero e fanatismo. É um relato detalhado, sério, tolerante e compreensivo do problema do alcoólico e das técnicas com as quais seus coautores ganharam a liberdade”.
Depois de ter manifestado seu forte apoio ao Livro Grande, o Dr. Fosdick também reconheceu que trabalhar com os alcoólicos pode ser um grande desafio para os clérigos e outras pessoas que convivam de perto com os efeitos do alcoolismo. “Cada ministro religioso que também é um conselheiro pessoal, já teve que lidar com casos de alcoolismo”, escreveu posteriormente. “Por muitos anos tive medo de fazê-lo. Quase preferia qualquer outro tipo de anormalidade antes que me enfrentar com um caso de alcoolismo”.
Mas, “Alcoólicos Anônimos... é uma benção para os clérigos”, escreveu na sua autobiografia “O viver destes dias”, publicada em 1956. “Como podemos conhecer o alcoólico – sua obsessão compulsiva pela bebida, a escravidão desesperada contra a que luta em vão, uma não cumprida decisão após outra de parar de beber que acaba em mais um fracasso? Quando falamos com um alcoólico, ele sabe que porque nós nunca estivemos onde ele está, não podemos compreender sua situação. Mas quando um ex-alcoólico, que passou pelos mesmos duros sofrimentos e se libertou através dos Doze Passos, fala com um alcoólico, podem-se produzir resultados maravilhosos”.
Bill W. muito frequentemente reconhecia o papel que desempenharam muitos dos defensores iniciais de A.A. e os clérigos, em particular, ajudando a dar forma aos princípios espirituais de Alcoólicos Anônimos e dando-os a conhecer àqueles que os precisavam. Num artigo da revista Grapevine de setembro de 1957, escreveu o seguinte: ”Com a mais profunda gratidão, reconheço aqui a dívida que A.A. tem com os clérigos; não fosse o que fizeram por nós, A.A. nunca teria nascido; quase todos os princípios que utilizamos chegaram através deles. Apropriamo-nos do seu exemplo, sua fé e, até certo grau, das suas crenças, e os transformamos em nossos. Quase no sentido literal, os AAs lhes devemos nossas vidas, nossas fortunas e a salvação que a cada um de nos lhe correspondeu encontrar”.
Portanto, embora as palavras utilizadas para descrever o Livro Grande em seus primeiros tempos tenham sido “estranho” e “curioso”, outra palavra, como indicou o Dr. Fosdick teria que ser “extraordinário”.


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