Box 4-5-9, Ago. Set. / 2006 (pág. 1
a 3) => http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_aug-sept06.pdf
Título original: “El Padre Ed Dowling — amigo y
confidente de Bill”.
O que tinham em comum o Padre Ed e Bill W. e
os outros alcoólicos que tratava de ajudar? A resposta pode ser: a) Ele sofreu, e b) Tinha paixão por ajudar os outros. Estes dois fatores guiaram seus
anos de maturidade.
Nos seus anos de juventude foi
atleta, mas logo se viu afetado por uma artrite grave que lhe produzia grandes
dores. Também tinha suas obsessões. Uma delas era que fumava um cigarro atrás
de outro, hábito este, que consegui superar (usando os Doze Passos), e outra
era que comia com excesso e de maneira obsessiva. Aparte estes problemas, ele
compreendia o sofrimento mental e emocional e às vezes duvidava a respeito da
sua capacidade para manter a fé. Mais tarde diria, “tenho a impressão de que se um dia me encontre no céu, será porque
fugi do inferno”.
O
Padre Ed sentia-se impulsionado a ajudar outras pessoas de uma maneira prática
que produzisse soluções positivas. E foi isto que o trouxe a A.A. imediatamente
depois de tomar conhecimento de que estava dando resultados para algumas
pessoas na área de Chicago e pensou que talvez pudesse ser útil para as pessoas
da sua cidade natal, St. Louis.
Os membros de A.A. provavelmente
souberam pela primeira vez uma citação sua na sobrecapa do livro Alcoólicos
Anônimos, na nona impressão de primeira edição em abril de 1946: “Deus resiste aos
orgulhosos e ajuda os humildes. O caminho mais curto para a humildade são as
humilhações, das que A.A. tem em abundância”. Isto não apenas representou
um firme princípio espiritual, como também serviu como uma aprovação sólida a
A.A., embora não oficial, por parte da Igreja Católica. O padre Ed, que
acreditava que os Passos de A.A. eram úteis também para enfrentar outros
problemas além do álcool, acrescentou este comentário à sua citação: “os não alcoólicos deveriam ler as últimas
nove palavras do Decimo Segundo Passo – ‘e praticar estes princípios em
todas as nossas atividades’”.
Bill sempre marcou o começo de sua
amizade numa tarde tempestuosa de novembro de 1940, quando Lois e ele estavam morando num quarto do antigo Clube
da Rua 24 de Manhattan. Lois tinha saído aquela tarde e Bill, que não se
encontrava bem e temia estar com uma úlcera, estava sentindo um pouco da auto
piedade e de depressão pela maneira como as coisas estavam caminhando nas suas
vidas e em A.A. Não tinham um verdadeiro lar, A.A. avançava com dificuldades
com menos de 2.000 membros em todo o país, e suas economias estavam num ponto
muito baixo. O Livro Grande tinha sido publicado, mas quase todos exemplares
estavam encalhados e a gráfica ainda não tinha sido paga.
Bill
tinha acabado de se deitar quando soou a campainha da porta e o vigilante
disse-lhe que um vagabundo queria vê-lo. “Ah
meu Deus” disse Bill, “mais um? A
estas horas da noite? Bom, diga-lhe que suba”. Bill descreveu seu primeiro
encontro desta maneira: “Ouvi uns passos
na escada. Depois o vi entrar no meu quarto, apoiando-se precariamente na sua
bengala, levando em suas mãos um chapéu preto amassado, deformado e encharcado
pela agua da neve. Sentou-se numa cadeira e, quando abriu o sobretudo, vi no
seu pescoço o colarinho de sacerdote. Alisou com a mão uma mecha de cabelos grisalhos e olhou para mim com os
olhos mais extraordinários que eu jamais tinha visto”. O sacerdote se
apresentou: “Sou o Padre Ed Dowling. Um
jesuíta, amigo meu e eu ficamos assombrados com a semelhança que há entre os
Doze Passos de A.A. e os Exercícios Espirituais de São Inácio” (1).
“Nunca ouvi falar
deles”, disse Bill, e isso iniciou uma conversa
cordial e animada.
“Falamos de um monte de
coisas”, disse Bill, “e aos poucos fui recobrando o ânimo até que finalmente percebi que
aquele homem irradiava tal graça que iluminava o quarto com uma sensação de
presença. Esta sensação impressionou-me intensamente; foi uma experiência
emocionante e misteriosa. Em anos posteriores vi muitas vezes este bom amigo, e
seja que o tenha encontrado alegre ou triste, sempre produziu em mim essa mesma
sensação de graça e de presença de Deus”.
Assim começou uma amizade
íntima que durou até a morte do Padre Ed e 1960.
O padre Ed converteu-se no conselheiro espiritual de Bill e Bill foi para o
Padre Ed o ideal de um leigo inspirado que tinha criado algo que o mundo não
havia tido até então.
Nunca foi explicado porque o Padre Ed apareceu sem avisar para
visitar Bill W. tão tarde da noite ou se tinha vindo a Nova York com o único propósito de se encontrar com
Bill. De qualquer maneira, eles se mantiveram em contato durante as duas
décadas seguintes através de correspondência, contínuas chamadas telefônicas e
visitas pessoais conforme ia amadurecendo seu relacionamento. Diz-se que Bill
recorria ao Padre Ed em cada crise que atravessou na sua vida pessoal e em
muitos conflitos e decisões que afetavam a Irmandade de Alcoólicos Anônimos. E
embora o Padre Ed fosse alguns anos mais novo que Bill, chegou a ser um pai
para ele, cujo próprio pai o tinha abandonado com a idade de nove anos.
St. Louis sempre foi o lar do Padre Ed, onde nasceu em 1898, num bairro de operários de origem
alemã, conhecido como Baden, mas os Dowlings não eram alemães como seus
vizinhos. Seus avos paternos tinham imigrado da Irlanda em 1847, durante a escassez de batatas (2). A família prosperou e St. Louis. E seu avô paterno
converteu-se nu latifundiário acomodado e membro da Junta de Educação de St.
Louis. A mãe de Ed também era irlandesa e tanto ela como seu marido eram muito
religiosos. Ed e seus outros quatro irmãos – ele era o mais velho, foram
criados sem passar dificuldades.
Ed era de estatura mediana, gordinho, com nariz aplastado que lhe
valeu o apelido de “Puggy”.
Graduou-se numa escola paroquial e depois estudou no St. Mary´s College, de
Kansas, onde foi capitão da equipe de beisebol. Também jogava em times
semiprofissionais nos verões e foi o suficientemente bom para apresentar-se nos
testes dos Boston Red Sox e St. Louis Browns, embora nenhum dos dois o tenha
contratado. Tinha talento como escritor e foi repórter do St. Louis
Globe-Democrat em 1917 e 1918, antes de servir como soldado no
exercito dos EUA na Primeira Guerra Mundial. Estudou durante um ano na renomada
Escola de jornalismo Medill da Universidade Northwestern, mas, finalmente, em 1919, ingressou no seminário jesuíta
St. Stanislaus, de Florissant, Missouri. Foi ordenado sacerdote em 1931 e pronunciou seus votos como
coadjutor espiritual na Companhia de Jesus em 1936.
Em 1932 foi indicado
para Confraria de Nossa Senhora, onde logo se entrosou com o pessoal que
publicava seu boletim, o The Queen’s Work. Dowling foi um escritor
prolífico de artigos religiosos e utilizou essa qualidade para divulgar o
programa de A.A.
O Padre Ed soube da existência de Alcoólicos Anônimos em 1939 e assistiu a sua primeira reunião
de A.A. em março de 1940 em Chicago.
Depois ajudou alguns conhecidos seus a ingressar no programa no verão daquele
ano. St. Lois já tinha um Grupo de A.A. funcionando. Jack Alexander visitou
este Grupo quando estava preparando o artigo sobre A.A. que seria publicado em
março de 1941 no Saturday Evening Post, e que ajudou a
quadruplicar o número de membros da Irmandade em menos de um ano.
Embora alguns clérigos apoiaram A.A. com entusiasmo na década de 1940, o Padre Ed levou seu apoio ainda
mais longe, até o que se poderia chamar um apadrinhamento virtual. Uma das histórias
que circularam naquele então, a de Carlos G., um advogado de Sioux City, Iowa,
quem, no começo de 1944, tinha
perdido a esperança de recuperação. Foi
para St. Louis para morrer, mas, de alguma maneira encontrou-se com o Padre
Dowling que imediatamente o mandou para A.A. Já sóbrio, voltou a Sioux City,
formou o primeiro Grupo de A.A. ali, e também levou a mensagem às comunidades
vizinhas. Numa carta dirigida ao Padre Dowling no dia 5 de fevereiro de 1945, Carlos sinalou que o dia 24 de
fevereiro iria fazer um ano do seu encontro com o Padre Ed e seu começo em A.A.
Muitas coisas maravilhosas tinham acontecido desde então, disse Carlos,
incluindo haver conhecido outro sacerdote que estava ajudado os AAs de Sioux
City. Também recebeu ânimos do Padre Ed, J. Flanagan, o fundador de Boys Town
(Cidade dos meninos). Carlos inclusive conheceu Bill W. em Nova York e estava
em contato com homens e mulheres de A.A. de várias partes do mundo. “Foi um ano maravilhoso, o melhor da minha
vida”, disse Carlos.
O padre Ed dizia às pessoas que A.A. era uma coisa boa e que
deveriam “vir e tomá-la”, e logo
começou a pensar a respeito de como aplicar os Doze Passos de A.A. a outros
problemas. Porque não poderia se reunis casais da mesma maneira para poder
falar entre eles? Isto o levou a iniciar as conferencias de Canaã em 1942, um movimento que chegou a se
estender por todo pais. Embora o nome Canaã esteja associado a uma história
bíblica, significa também que “os casais
não estão sozinhos”. Canaã chegou a ser um movimento de muito sucesso e o
Padre Dowling falou nestas conferencias mensais utilizando os Doze Passos, pelo
resto da sua vida.
Também ofereceu seu apoio e prestigio a outro movimento chamado
Recuperação Inc., que tinha si criado pelo Dr. Abraham Low para pessoas com
problemas mentais. Assim como fez com A.A., foi a Chicago para conhecer o
programa de Recuperação Inc. e fundou um Grupo dessa sociedade em St. Louis
numa das salas de The Queen’s Work. O padre Ed nunca teve de discutir
sua própria humanidade com outras pessoas, e sem dúvida alguma foi isto que lhe
valeu o carinho de muitos e o converteu numa pessoa especial em A.A. e na vida
de Bill. E se pudesse ser destacado um momento de sua amizade, foi quando A.A.
celebrou sua Segunda convenção Internacional em St. Louis em 1955, um evento que atraiu milhares de
pessoas a essa cidade e também marcou a ocasião em que Bill deixou seu posto em
A.A. e entregou suas funções de serviço à Conferência de Serviços Gerais de
A.A. Há quem diga que Bill fez campanha para que a Convenção fosse realizada em
St. Louis porque era a cidade do Padre Dowling e naquele momento estava doente
e talvez não lhe fosse possível viajar a outo lugar. O Padre Ed falou nessa
Convenção e sua fala esta registrada no livro “A.A. Atinge a Maioridade” – Junaab, código 101.
Bill fez sua apresentação dizendo: “De todas as pessoas que eu conheço, nosso amigo Padre Ed é a única a
quem nunca ouvi uma palavra de ressentimento ou uma simples crítica. Para mim
foi continuamente um amigo, conselheiro, um grande exemplo e fonte de
inspiração até o ponto que eu próprio não alcanço descrever. O Padre Ed está
feito da madeira dos santos”.
Leia também:
“Ao Padre Ed – Que vá com Deus”, artigo de
Bill W. em “A Linguagem do Coração”, pág. 428 – Junaab, código 104
http://www.barefootsworld.net/aafreddowling.html
N.T. (1): Segundo o
católico Inácio de Loyola (1491-1556) – fundador da
Companhia de Jesus (os jesuítas), por Exercícios Espirituais “entende-se qualquer modo de examinar a consciência, meditar,
contemplar, orar vocal ou mentalmente e outras atividades espirituais...
Porque, assim como passear, caminhar e correr são exercícios corporais também
se chamam exercícios espirituais os diferentes modos de a pessoa se preparar e
dispor para tirar de si todas as afeições desordenadas e, tendo-as afastado,
procurar e encontrar a vontade de Deus, na disposição de sua vida para o bem da
mesma pessoa”.
Partindo deste pressuposto e baseado em sua própria
experiência espiritual, Inácio de Loyola escreveu um roteiro a fim de ajudar os
outros em seu crescimento espiritual: o livro dos Exercícios Espirituais. Consistem em um modo e um roteiro,
totalmente fundamentado na experiência do santo, para ajudar as pessoas a
perceber e acolher a íntima ação de Deus em sua vida, e acolhê-la em uma
dinâmica de uma participação cada vez mais efetiva na Vida e na Missão de Jesus Cristo.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Exerc%C3%ADcios_espirituais_inacianos
Se tiver
interesse veja também:
http://www.ocultura.org.br/index.php/Exerc%C3%ADcios_Espirituais_de_Santo_In%C3%A1cio_de_Loyola
N.T. (2): A Grande fome de
1845–1849 na Irlanda (em irlandês: An Gorta Mór ou A Grande Fome)
foi um período de fome,
doenças
e emigração
em massa entre 1845 e uma data
variável entre 1849 e 1852, em que a população da Irlanda
se reduziu entre 20 e 25 por cento. A fome provocou a morte a cerca de um
milhão de pessoas e forçou mais de um milhão a emigrar da ilha. A causa mais
próxima da fome foi uma doença provocada pelo fungo Phytophthora infestans, que contaminou
em larguíssima escala as batatas em toda a Europa durante a década de 1840. Apesar de a Europa
inteira ter sido atingida, um terço de toda a população da Irlanda dependia
unicamente de batatas para sobreviver, e o problema foi exacerbado por vários
fatores ligados à situação política, social e econômica que ainda são matéria
de debate na comunidade acadêmica.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_fome_de_1845%E2%80%931849_na_Irlanda
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