Box 4-5-9, Ago. Set. / 1996 (pág. 1-2)
=> http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_aug-sept96.pdf
Título original: “El anonimato:
la humildad en acción".
Nesta
década de 1990, na que se considera
Alcoólicos Anônimos como uma força do bem, parece que cada vez mais membros
bem-intencionados, incluindo uma multidão de celebridades bem conhecidas,
revelam seus nomes como membros de A.A. nos meios de comunicação e fazem alarde
da sobriedade alcançada na Irmandade – sempre com a intenção de ajudar o
alcoólico que ainda sofre. Talvez não conheçam a Tradição do Anonimato, ou a
considerem como algo fora de moda ou, ainda, que acreditem que o mais
importante é procurar que a mensagem seja difundida.
Isto não é novidade. Como escreveu
Bill W., cofundador de A.A., faz mais de 40 anos, no número de janeiro de 1955 na revista Grapevine: “Os velhos arquivos da Sede de A.A. contém dúzias de
experiências de rupturas de anonimato parecidas. A maioria delas ensinam-nos as
mesmas lições. Nos ensinam que nós, os alcoólicos, somos os maiores
racionalizadores do mundo; que fortalecidos com o pretexto de fazer coisa boas
por A.A., quebrando nosso anonimato, poderemos estar reiniciando nossa velha
busca desastrada pelo poder e prestígio pessoal, as honras públicas e o
dinheiro – os mesmos impulsos implacáveis que antes, ao serem frustrados,
fizeram-nos beber; as mesmas forças que atualmente desgarram o mundo. Além do
mais, deixam muito claro o fato de que uma quantidade suficientemente grande de
pessoas que quebraram seu anonimato de forma sensacionalista, poderia arrastar
consigo a nossa Irmandade inteira para uma rua sem saída”.
Como nos indica a literatura de
A.A., as Doze Tradições pedem-nos repetidamente que renunciemos a nossos
desejos pessoais em favor do bem comum, e assim levem-nos a compreender que o
espirito de sacrifício, simbolizado pelo anonimato, é a base de todas as nossas
Tradições. Tudo isto é muito bom, mas, como indivíduos e como membros de um
Grupo, qual é a melhor maneira de colocar em prática este princípio? Quais os
critérios que utilizamos para abrir o anonimato? E, o que podemos fazer para
evitar as quebras do anonimato?
Em 1988 uma onda de quebras de anonimato conduziu à formação de um
subcomitê especial do Comitê de Informação Pública da Junta de Serviços Gerais.
Sua tarefa, que não tinha nada a ver com culpar os meios de comunicação e tinha
muito a ver com o fato de que a Irmandade deveria fazer seu próprio inventario,
tinha duas facetas: elevar a consciência dos membros “a respeito do propósito do anonimato e porque é vital nossa
sobrevivência como Irmandade; e pedir aos AAs de todos os lugares que ajudem a
proteger esta salvaguarda”. Faz alguns meses, enquanto o subcomitê
estava-se preparando para se dissolver depois de seis anos de esforços
intensos, seus membros chegaram à conclusão de que quantos mais Distritos,
Áreas e Grupos de A.A. compartilhem sua experiência a respeito da Tradição do
Anonimato, mais saudável ela se tornará e mais saudáveis ficaremos nós. Com
essa finalidade, o comitê sugeriu uma série de temas de discussão. A seguir,
aparecem alguns deles, acompanhados de algumas das muitas respostas encontradas
na literatura de A.A.
Pergunta:
Qual é a relação entre o anonimato e “o
egoísmo - o egocentrismo... a raiz de todos nossos problemas” como Bill W. descreve no Livro Grande?
Resposta:
Bill W. com frequência advertia que se nos esquecermos do princípio do
anonimato, iria se abrir a caixa de Pandora (*) do egoísmo, liberando os espíritos da ambição mundana tão
perniciosos para nossa sobrevivência. Portanto, explicava, “a essência espiritual do anonimato é o sacrifício dos nossos desejos
pessoais em prol do bem comum”.
Pergunta:
Como tratamos o assunto do anonimato
dentro do Grupo?
Resposta:
De maneira geral, não escondemos de ninguém a nossa identidade nos nossos
Grupos e reuniões. Entretanto, cada individuo e cada Grupo têm o direito de
utilizar seus próprios métodos. Porém, de acordo com o espirito das Tradições,
é necessário que percebamos que o principio do anonimato é bom para todos nós;
devemos sempre ter presente que a segurança e a eficácia futuras de A.A.
dependem da sua conservação. Ao mesmo tempo, todos os membros de A.A. devem ter
o privilégio de vestir-se de tanto anonimato pessoal quanto desejem.
Pergunta:
E o anonimato pessoal a nível público?
Resposta:
A nível pessoal, o anonimato assegura que os membros não sejam identificados
como alcoólicos; a nível da imprensa, a radio, a televisão e o cinema, ressalta
a igualdade de todos os membros ao colocar um freio naqueles que poderiam se
aproveitar de sua afiliação a A.A. para conseguir reconhecimento, poder e
ganância pessoal. De acordo com a Décima Primeira Tradição – forma longa, “Nossa relações com o público em geral devem
caracterizar-se por um anonimato pessoal. Acreditamos que A.A. deve evitar a
publicidade sensacional. Nossos nomes e fotografias, na qualidade de membros de
A.A., não devem ser divulgados pelo radio, cinema ou imprensa. Nossas relações
com o público devem orientar-se pelo princípio da atração e não da promoção.
Nunca há necessidade de elogiarmos a nós mesmos. Achamos melhor deixar que
nossos amigos nos recomendem”.
Pergunta:
Colocamos e um pedestal alguns AAs?
Resposta:
Em um artigo publicado no número de outubro de 1947 da revista Grapevine,
Bill W. falou da síndrome do pedestal: “Por
alguma razão, parece que qualificativo ‘fundador’ chegou a se aplicar exclusivamente ao Dr. Bob e a mim... Este
sentimento nos é muito comovedor... entretanto, começamos a nos perguntar se,
no longo prazo, tal ênfase exagerado será bom para A.A.” Sua resposta a
este situação esta na declaração explicita de que “como membros particulares de A.A. devemos ser anônimos perante o
público em geral... o Dr. Bob e eu acreditamos que esta saudável doutrina
também deve aplicar-se a nós. Não pode haver nenhuma boa razão para abrir uma
exceção com ‘os fundadores’.
“Quanto mais tempo os pioneiros de
A.A. ficarmos no centro do cenário, mais possível será que sentemos perigosos
precedentes para estabelecer uma liderança personalizada e permanente. Para
assegurar o bem futuro da Irmandade, não é precisamente isto que devemos
evitar?... Embora sempre gostaríamos de ter a satisfação de ser lembrados entre
os originadores, esperamos que vocês comecem a considerar-nos apenas como
pioneiros e não como ‘fundadores’. Assim, poderemos também nos juntar a A.A.?”
O Dr. Bob morreu em novembro de 1950; Bill W., em janeiro de 1971 – e seu nome, fotografia e
história apareceram pela primeira vez nos meios de comunicação do mundo todo.
Na primavera daquele ano, a Conferência de Serviços Gerais determinou que “não é prudente quebrar o anonimato de um
membro inclusive depois da sua morte, mas, em cada situação cabe à família
tomar a decisão final”. A Conferência de 1992 reafirmou esta opinião acrescentando que “os Arquivos Históricos continuarão protegendo o anonimato dos AAs
falecidos assim como o dos demais membros”.
Considerando o atual (1996) numero de membros de A.A. –
aproximadamente dois milhões no mundo todo, as quebras de anonimato ante o
público, embora preocupantes quando acontecem porque podem representar perigo,
de fato são relativamente poucas e incomuns. De acordo com um relatório com o
título “As Origens do Anonimato”,
apresentado pelo Comitê de Arquivos Históricos da Junta de Serviços Gerais à
Conferencia de Serviços Gerais de 1989, “é
possível que isto se deva ao fato de que, na medida em que a Irmandade vai
amadurecendo, os membros alcançam uma compreensão cada vez mais clara do valor
que tem o anonimato a nível publico para eles mesmos”.
(*) N.T.: Caixa de
Pandora é um artefato da mitologia
grega, extraído do mito da criação de Pandora, que foi a primeira mulher criada
por Zeus. A "caixa" era na
verdade um grande jarro dado a Pandora, que continha todos os males do Mundo.
Então Pandora, com sua curiosidade, abriu o frasco e todo o seu conteúdo,
exceto um item, foi liberado para o mundo. O item remanescente foi a esperança.
Hoje em dia, abrir uma "caixa de Pandora" significa criar um mal que não pode ser desfeito.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caixa_de_Pandora
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