Box 4-5-9, Inverno (dezembro) 2009 (pág. 6-7) => http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_holiday09.pdf
Título original: “‘Llevar
el mensaje: el arte del trabajo de Paso Doce”.
O trabalho do Décimo Segundo Passo é
uma arte que nunca sai da moda. Alguns métodos mudaram ao longo dos anos –
telefones celulares, correio eletrônico, sítios na Web no lugar de cabines
telefônicas, máquinas de escrever, anúncios nos jornais, etc., mas, levar a
mensagem ao alcoólico que ainda sofre continua a ser o serviço básico de
Alcoólicos Anônimos.
Tal como descrito no Livro Azul, no
capítulo “Trabalhando com os outros”, “A
experiência prática demonstra que nada garantirá tanta imunidade contra o
álcool quanto o trabalho intensivo com outros alcoólicos. Quando outras
atividades não resolvem, isso funciona. ...Observar as pessoas se recuperarem,
vê-las ajudando outras, observar a solidão desaparecer, ver crescer ao se redor
uma Irmandade, ter inúmeros amigos – esta é uma experiência que você não pode
perder. ...O contato frequente com os recém-chegados e com nossos companheiros
è a parte luminosa de nossas vidas”.
O ponto básico de Alcoólicos Anônimos
sempre foi a comunicação salvadora entre um alcoólico e outro. Como Bill W.
descreveu: “Já desde o começo, a
comunicação em A.A. não foi uma mera transmissão de ideias e atitudes úteis.
Foi uma comunicação extraordinária e por vezes singular. Dada a afinidade
proporcionada por nosso sofrimento comum, e devido a que os meios, também
comuns, de nossa liberação somente proporcionam resultados quando os
compartilhamos constantemente com outros, nossas vias de comunicação sempre se
orientam pela linguagem do coração”.
Partindo de uma perspectiva histórica,
esta transmissão de esperança de um alcoólico a outro, a miúdo descrita nos
primeiros escritos de A.A. como “uma
reação em cadeia”, teve seu começo quando Bill W. havia estado tratando seu
alcoolismo com o Dr. Silkworth e recebeu a visita de Ebby T., um velho amigo e
companheiro de copo. Ebby tinha encontrado uma maneira de alcançar a sobriedade
com a ajuda do Grupo de Oxford, e um dia chegou na porta da casa de Bill para
lhe transmitir sua mensagem de esperança. Sofrendo com a ressaca e mergulhado
na angústia da sua própria doença, por alguma razão Bill se dispôs a ouvir o
que Ebby tinha a lhe dizer.
“Em novembro de 1934, recebi
a visita de Ebby, um velho amigo meu, alcoólico e futuro padrinho. Por que lhe
era possível se comunicar comigo numa área que nem sequer o Dr. Silkworth
ousava tocar? Em primeiro lugar, eu já sabia que sua condição, assim como a
minha, era a de um bêbado irrecuperável. Numa data anterior, nesse mesmo ano,
eu fui informado que ele também tinha sido candidato a uma internação num
manicômio. Entretanto, ele estava ali, na minha frente, livre e sóbrio. A sua
faculdade de comunicação era tão impressionante que, em poucos minutos pôde-me
convencer de sua sinceridade ao dizer que se tinha libertado da obsessão pela
bebida. Sinalizava uma coisa muito diferente de um mero percurso suando frio na
caravana da abstinência. Foi assim que me apresentou uma espécie de comunicação
e de evidência que nem sequer o Dr. Silkworth me pôde oferecer. A questão era
que um alcoólico estava falando com outro. Nisso estava a verdadeira esperança".
Ebby contou detalhadamente a Bill a sua
história e suas experiências como bebedor nos últimos anos estabelecendo,
assim, um poderoso vínculo de identificação. Depois explicou os passos que
tinha dado para alcançar a sobriedade que naquele momento desfrutava.
“Nenhuma das ideias de Ebby era realmente nova. Eu já tinha ouvido falar
de todas elas. Porém, da maneira como me foram repassadas através daquela
poderosa linha de transmissão, deixavam de ser o que, em outras circunstâncias,
eu iria considerar como simples máximas tradicionais para se comportar como um
bom freguês. Eu as estava vendo como verdades vivas que poderiam me libertar,
tal como fizeram com ele. Ebby pôde-me tocar no mais profundo”.
Entretanto, e apesar de seu grande
impacto, a visita de Ebby não proporcionou a Bill o ímpeto ou a capacidade para
parar de beber e recorreu de novo aos cuidados do Dr. Silkworth. Durante esta
última internação Bill teve a experiência espiritual que tornou possível
alcançar a sobriedade.
Nas palavras de Bill, “com esta
revelação veio a visão de uma possível reação em cadeia, de um alcoólico que
falara com outro e este com outro e assim nua série sem fim. Estava convencido
de que podia dar aos meus companheiros alcoólicos o que Ebby tinha dado a mim”.
Durante os meses seguintes Bill tratou
de passar a mensagem. Porém, ninguém tinha conseguido a sobriedade e esta
experiência lhe deixou uma maravilhosa lição: “Por muito verdadeiras que fossem as palavras da minha mensagem, não
podia existir nenhuma comunicação mais profunda se o que eu dizia ou fazia ia
tingido de soberba, arrogância, intolerância, ressentimento, imprudência e o
desejo de reconhecimento pessoal, mesmo tendo pouca consciência dessas
atitudes. Sem me dar conta, tinha caído muito pesadamente nesses erros. Minha
experiência espiritual havia sido tão súbita, tão resplandecente e tão poderosa
que eu me achava destinado a curar quase todos os bêbados do mundo. Isto era
soberba. Continuava a martelar sobre o tema de o meu despertar místico e os meus
candidatos sentiam-se repelidos sem exceção. Isto era imprudência. Comecei a
insistir que todo bêbado deveria experimentar uma “euforia luminosa” parecida
com a minha. Fiz pouco caso do fato de que Deus se manifesta aos homens de
muitas e variadas maneiras. De fato, tinha começado a dizer aos meus candidatos
‘você tem que ser como eu, acreditar como eu acredito e fazer como eu
faço’. Isto era o tipo de arrogância
inconsciente que nenhum bêbado consegue suportar”.
Finalmente, aconselhado pelo Dr. Silkworth,
Bill mudou o foco e começou a incluir os dados médicos que caracterizam a
doença como a obsessão, a alergia e a compulsão que leva o alcoólico a
continuar bebendo.
Algum tempo depois, ao se encontrar na
cabine telefônica do Hotel Mayflower, em Akron, Ohio, Bill disse: “Pela primeira vez desde a minha experiência
no hospital, me senti tentado a tomar um trago. Nesse momento, de início,
dei-me conta da necessidade que tinha de estar com outros alcoólicos para me
preservar e ajudar a manter a dádiva original da sobriedade. Já não se tratava
somente de ajudar outros alcoólicos. Se esperava manter minha própria
sobriedade, tinha que encontrar outro alcoólico com quem trabalhar. Assim,
quando o Dr. Bob e eu nos encontramos sentados cara a cara, nem sequer pensei
em fazer o que costumava a fazer no passado. Eu disse, ‘Bob, estou-lhe
falando porque você me faz tanta falta quanto eu possa fazer a você. Estou-me
vendo no perigo de cair num grande abismo’”.
Daquela reunião, a reação em cadeia que
passou de Ebby e Bill ao Dr. Bob, em Akron, alcançou inúmeros bêbados no mundo
todo. Bill disse a respeito da comunicação vital: “Uma das primeiras ideias que compartilhamos o Dr. Bob e eu, foi que a
verdadeira comunicação deverá estar baseada na necessidade mútua. Nunca deveríamos
falar a ninguém com tom condescendente, muito menos a um companheiro alcoólico.
Nos demos conta de que o padrinho deveria reconhecer humildemente suas próprias
necessidades com tanta clareza quanto as do seu afilhado. Nisso estava a base
do Décimo Segundo Passo para a recuperação, o Passo em que levamos a mensagem”.
Não faz muito tempo, o boletim da
Intergrupal de St. Paul, Minnesota, publicou um artigo com o título “Sugestões para fazer as visitas do Décimo
Segundo Passo”, no qual se dizia que “Ao
receber uma chamada de Décimo Segundo Passo, partimos da ideia de que,
literalmente, a vida de outro ser humano está em jogo. Isso significa que é
preciso responder de imediato a essa chamada”. Outras sugestões eram
oferecidas: Ao fazer uma visita de Décimo Segundo Passo, ir acompanhados de
outro membro. Manter o anonimato. Felicitar o possível membro por pretender
fazer algo a respeito de seu problema com a bebida. Oferecer alguma literatura
de A.A. Contar como você era, o que aconteceu e como você é agora.
Ao fazer a comunicação com um possível
membro seja pessoalmente, por telefone ou através da Internet, a arte de fazer
o trabalho do Décimo Segundo Passo segue sendo a mesma. Como é dito na Quinta
tradição: “A habilidade única de cada
membro de A.A. para se identificar com o iniciante e conduzi-lo à recuperação,
não depende de forma alguma de seu grau de instrução, eloquência ou qualquer
outra capacitação específica. A única coisa que importa é o fato de ser um
alcoólico que encontrou a chave da sobriedade”.
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