Albany, Nova York, 29 de abril de 1896
Ballston
Spa, Nova York, 21 de março de 1966
Box
4-5-9, Natal / 2006 (pág. 5-6)
http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_holiday06.pdf
Título original: “Ebby T: El hombre que apadrinó a Bill W.”.
O que nem o juiz nem Rowland sabiam era que os
demônios dentro de Ebby estavam pedindo a gritos que tomasse um trago enquanto
a policia local o levava para a casa de verão da família a 40 km ao norte de
Manchester. No porão da casa tinha estocadas garrafas de cerveja e estava
impaciente por chegar e bebe-las. Quando a policia foi embora, Ebby correu para
o porão para por fim à angustia que o estava consumindo.
Mas ao
começar a tirar a tampa da primeira garrafa, um forte sentimento de culpa o
deteve. Havia prometido ao juiz que não iria beber e tinha que cumprir a
promessa. Depois de uma luta feroz, levou as garrafas para a casa de um
vizinho. Isso o tranquilizou e foi sua última tentativa de beber nos próximos
dois anos e sete meses.
É possível
que esta ação também tenha sido uma das maiores vitorias da história de A.A.,
porque foi Ebby quem transmitiu ao cofundador de A.A., Bill W., os princípios
do Grupo de Oxford e a promessa de sobriedade. Se Ebby tivesse bebido naquele
fim de semana, é de duvidar que se fosse apresentar no Tribunal na
segunda-feira ou que o juiz lhe daria outra oportunidade. É pouco provável que
houvesse mantido a sobriedade que tornou possível fazer uma visita ao
totalmente embriagado Bill W. dois messes mais tarde. Apesar dos problemas com
a bebida que sobrevieram mais tarde, Ebby foi um herói durante esses meses de
crucial importância em que serviu como padrinho de Bill.
Ebby, embora não tenha seu nome mencionado, é
protagonista de “A História de Bill”
que aparece em todas as quatro edições do livro Alcoólicos Anônimos
(Junaab, código 102, Pág. 31). Bill
descreve-o como o velho amigo de colégio que o chamou no final de novembro de
1934, quando Bill se encontrava curtindo uma longa bebedeira na sua casa do
Brooklin Heights, Nova York. Ebby entrou na casa de Bill “corado e bem disposto”. Bill conta: “Ele estava sóbrio. Havia anos que ele não vinha a Nova York naquele
estado. Eu estava perplexo. Corriam boatos de que havia sido detido por
insanidade alcoólica. Fiquei imaginando como escapara. Sem dúvida ele viria
jantar, e eu poderia então beber junto com ele, sem restrições. Sem me
preocupar com sua saúde, eu pensava apenas em reviver o clima do passado”.
Ebby não tinha ido para beber, mas para transmitir
a Bill os princípios que tinha aprendido com Rowland H. e outros dois membros
do Grupo de Oxford em Vermont. Ebby morava agora na Missão do Calvário no lado
leste do sul de Manhattan, havia tomado conhecimento dos problemas que Bill
estava passando e estava-lhe levando a mensagem tal como seus companheiros do
Grupo de Oxford lhe tinham recomendado que o fizesse para seu próprio
benefício. Bill resistiu no começo, mas acabou por aceitar os princípios e
tendo a experiência espiritual que lhe atribuiu uma nova missão na vida. A
história da recuperação de Bill e de seu trabalho posterior foi contada
inúmeras vezes em livros, palestras e a artigos; em alguns relatos foi
considerado como um dos americanos mais destacados do Século XX. Mas Bill não o
poderia ter feito se não houvesse tido a importantíssima visita de Ebby. E os
AAs que estudam a história da Irmandade são unanimes ao afirmar que Ebby foi um
maravilhoso e atento padrinho.
Ebby T., cujo nome era Edwin, nasceu em Albany,
Nova York, em 1896 e morreu em
Ballston Spa, Nova York, em 1966.
Passou um de seus anos de secundarista morando com a família de um ministro
religioso de Manchester, Vermont, onde sua família tinha uma casa de veraneio.
Provavelmente foi ali que conheceu Bill W. que se criou em East Dorset, 11 km
ao norte, e assistiu à escola secundária de Manchester. Ebby costumava lembrar
que Bill havia sido um extraordinário lançador da equipe local de beisebol.
É possível que Ebby tomasse vinho nas festas
familiares, mas tomou seu primeiro autêntico trago em 1915, aos 19 anos, quando entrou no bar do Hotel Ten Eyck de Albany
e pediu uma cerveja. Mais ou menos com essa idade começou a trabalhar no
negócio da família. Quando fechou o negócio em 1922, embriagava-se com frequência. Depois foi trabalhar numa
agencia de corretores de bolsa de Albany. Bill também era um corretor da bolsa
de nova York e é possível que tivessem amigos comuns de negócios. (Ebby tinha
sabido dos graves problemas que Bill enfrentava ao passar por uma agência de
corretagem).
Bill fala na sua própria história da ocasião em que
os dois fretaram um avião para arrematar uma farra. Isto aconteceu em janeiro
de 1929 quando Bill passou por
Albany a caminho de Manchester, Vermont, numa viagem de trem. Ebby havia estado
com os pilotos doa aeroporto local e sugeriu que os dois fossem de avião a
Manchester, onde iria ser inaugurado um aeroporto. Depois de um voo perigoso
atravessando uma região montanhosa, chegaram bêbados e comportaram-se de
maneira vergonhosa diante das autoridades locais que estavam ali para a
cerimonia de inauguração do aeroporto.
Em 1932,
a família de Ebby estava encantada de saber que ele iria mudar para Vermont,
onde sua maneira de beber lhe ocasionou mais problemas e detenções. Estava
morando na casa de verão da sua família quando Shep C. e Cebra G., dois membros
do Grupo de Oxford, o escolheram como possível candidato para o seu programa.
No começo resistiu, mas logo se mostrou disposto depois que mais uma bebedeira
o levou diante do Tribunal de Bennington, a sede administrativa do condado.
Também conheceu Rowland H. que obteve perante o juiz sua guarda temporária e
lhe ofereceu o que atualmente se conhece em A.A. como apadrinhamento.
Depois de algumas semanas, Rowland levou-o a Nova
York e ajudou-o a encontrar alojamento na Missão do Calvário. Ebby transmitiu a
mensagem do Grupo de Oxford a Bill e mais tarde instalou-se na casa de Bill e
Lois quando fechou a Missão do Calvário em 1936.
Em 1937 voltou para Albany, onde se
empregou numa fabrica da Ford.
Mais tarde Ebby disse que problemas de trabalho
foram a razão que o levou a beber em 1937. Sua vida converteu-se num pesadelo
de bebedeiras seguidas de curtos períodos de sobriedade. Teve variados empregos
onde tinha sucesso por curtos períodos de tempo. Por exemplo, durante a Segunda
Guerra Mundial trabalhou como empregado civil na Marinha de Guerra e foi muito
estimado por seus superiores. Ebby morou durante meses com Bill e Lois. Bill
tratou de ajuda-lo, mas não obteve bons resultados. Às vezes Ebby perambulava
pelas ruas sem ter para onde ir.
Entretanto, os Aas nunca deixaram de ajuda-lo e em 1953 um AA novayorquino, Charlie M.,
deu-lhe uma passagem para Dallas, Texas, para fazer um tratamento numa clinica
dirigida por Searcy W., um membro pioneiro. Teve algumas dificuldades no
começo, mas conseguiu a sobriedade no Texas e ali ficou por oito anos. Também conseguiu
um emprego fixo e nele ficou por vários anos. O tempo que passou no Texas foi o
melhor período da sua vida adulta. As pessoas agradecidas tratavam-no como uma
personalidade e faziam esforços especiais para conhecê-lo e ouvi-lo falar. Um
casal o convidou para passar um par de meses na sua fazenda de gado próxima de
Ozona, Texas, e ficaram encantados com a visita. Quando estava sóbrio, Ebby era um homem
amável e simpático a quem resultava muito fácil fazer amizades. Voltou para os
arredores de Nova York no final de 1961
e morou durante algum tempo com o seu irmão mais velho, Ken. Enquanto isso era
acometido com mais frequência por problemas de saúde e já não conseguia viver
de maneira independente.
Bill W. que
sempre tinha ajudado Ebby enviando-lhe algum
cheque de vez em quando, interveio novamente para aliviar seus problemas
durante os últimos anos. Criou um fundo para os cuidados de Ebby e convidou
seus amigos a contribuir com esse fundo. No começo de 1964, Bill encontrou um lar para Ebby numa granja de repouso em
Galway, nas proximidades de Saratoga Springs, Nova York. Bill levou Ebby para a
granja, de carro, em maio de 1964 e
o confiou aos cuidados de Margaret e Mickey Mc P., membros de A.A. que cuidavam
de alguns alcoólicos na sua casa construída no Século XIX.
Para Ebby não poderia ter havido lugar melhor para
passar seus últimos anos. Ficou muito popular entre os demais residentes que se
impressionavam muito com sua capacidade para resolver as difíceis palavras
cruzadas do New York Times. Recebia a visita de sua família de Albany, a apenas
40 km ao sul de Galway.
Num dia
março de 1966 Ebby não pode descer
para tomar o café da manhã. Às presas foi levado ao hospital de Ballston Spa,
onde morreu na manhã de 21 desse mês. A causa da morte foi enfisema pulmonar, a
mesma doença que levaria à morte a Bill W. menos de cinco anos mais tarde. No
dia da sua morte, Ebby tinha dois anos de sobriedade.
Bill e Lois estavam viajando pelo México e voltaram
a tempo de assistir o funeral em Albany.
Na morte, Ebby reuniu-se com membros da sua
eminente família no Cemitério Rural de Albany. É difícil encontra o túmulo de
Ebby nesse cemitério arborizado com seus caminhos íngremes e sinuosos, mas
muitos AAs vão lá para visitá-lo.
Estes companheiros agradecidos reconhecem o papel
que Ebby desempenhou ao apadrinhar Bill e assim dar inicio ao processo que
ajudou milhões de pessoas a conseguir a sobriedade. Da mesma maneira que nas
lápides de Bill W. e do Dr. Bob, não há menção a A.A. na de Ebby.
http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_holiday06.pdf
Leia também:
“Em memória de Ebby”, artigo de
Bill W. em “A Linguagem do Coração”, pág. 431 – Junaab, código 104
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