Box 4-5-9, Ago. Set. 1989 (pág. 1 a 3) => http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_aug-sept89.pdf
Título original: “El Libro Grande cumple 50 años como ‘padrino’ más eficaz de A.A.”.
Quando o libro
Alcoólicos Anônimos saiu da
gráfica em abril de 1939, ninguém podia prever que, de toda a literatura
de não ficção, chegaria a ser um dos maiores sucessos editoriais já publicados.
Sabemos que foram vendidos ou distribuídos oito milhões de exemplares (*)
desde aquela data (até 1989); o que não podemos calcular é o número de
doentes alcoólicos que, devido a amplitude e à força espiritual do livro,
conseguiram alcançar a sobriedade.
Em 1939, depois
de uma discussão acalorada, seu preço foi fixado em 3,50 dólares um pouco
elevado para a época (aproximadamente 80,00 dólares em 2013), e apenas
dez centavos a menos do que o preço atual (1989). Para compensar, Bill
W., o cofundador de A.A., e seus amigos
selecionaram o papel mais grosso que puderam encontrar. Conforme Bill lembrou
mais tarde: “O exemplar original era tão
volumoso que foi colocado o nome ‘Livro Grande’. A ideia, logicamente, era convencer o comprador alcoólico que o livro
valia o que custava”.
A secretária não
alcoólica de Bill, a falecida Ruth Hock, lembrava o episódio de uma maneira
diferente. Como ela entendia, o arrazoado foi “que todos os que iriam ler o livro, no começo estariam trêmulos e
nervosos, e por isso não quiseram utilizar caracteres muito pequenos nem papel
muito fino. Acreditavam que um alcoólico poderia manusear melhor as folhas se
elas forem grossas”.
Bill começou a trabalhar
no Livro Grande – Livro Azul, no Brasil, na primavera de 1938 sem ter
ainda concebido um rascunho da obra. Ruth, que datilografou o manuscrito,
contou que Bill costumava chegar ao escritório de Fundação do Alcoólico – agora
Escritório de Serviços Gerais dos Serviços Mundiais de A.A., levando seus
rascunhos em papel amarelo com anotações em cada capítulo. Estas anotações, ela
disse, “eram resultado de muita reflexão,
depois de horas de discussão, pró e contra, com quem pudesse estar
interessado”.
Bill ficava em pé atrás
de Ruth ditando o material enquanto ela o passava para a máquina de escrever. O
trabalho caminhava a passos lentos, ela explicou, porque Bill o interrompia
toda vez que chegava algum visitante no escritório para conversar.
Entretanto, depararam com grandes
obstáculos. Embora Bill recebe-se “nada
além de um caloroso apoio moral” dos membros de Akron, os nova-iorquinos
estavam dando o que ele descreveu como “uma
verdadeira soba”. É possível que o pessoal de Akron concordasse mais com as
ideias espirituais de Bill, enquanto que em Nova York havia mais agnósticos,
céticos ou as duas coisas. Ademais, os akronitas confiavam no Dr. Bob, o outro
cofundador, um homem a quem toda a comunidade tinha na mais elevada estima; seu
apoio à proposta do livro serviu quase como garantia de que os membros de Akron
o respaldariam.
Depois de muita discussão e muita
incitação por parte de Bill, a consciência de Grupo prevaleceu nas duas cidades
onde A.A. começou, e o caminho parecia estar livre se não houvesse aparecido um
empecilho pegajoso: a falta de dinheiro.
Poucos dos alcoólicos em recuperação
tinham dinheiro para investir; entretanto, finalmente conseguiram vender ações
– muitas delas em prestações na apressadamente estabelecida editora Works
Publishing, Inc. – agora conhecida com o nome A.A.W.S., Inc., ou, Serviços
Mundiais de A.A., Bill disse, “porque
este livro seria apenas a primeira de muitas ‘obras’ parecidas”. Alguns dos pioneiros dizem que o nome da empresa teve
origem num dos lemas favoritos dos membros “It
works” ou, livremente, algo parecido com “isto funciona”. Outros dizem que o nome deriva da citação do
evangelho preferida dos akronitas (Santiago I,4: “A fé sem obras é uma fé
morta”).
Empreendeu-se a publicação do livro
Grande com pouco dinheiro; entretanto conseguiram publicá-lo. Também é
importante o fato de que o livro deu seu nome a um pequeno movimento de ajuda
mútua que até aquele momento era conhecido unicamente por “Fundação do Alcoólico” com apenas 100 membros. Atualmente (1989), Alcoólicos Anônimos conta com
aproximadamente 1.800.000 membros em 134 países. Ademais, seu programa de
recuperação serve como base para Al-Anon, Narcóticos Anônimos, Jogadores
Anônimos e outros bem-sucedidos programas de ajuda-mutua.
O Livro Grande, por ele mesmo, abriu
a porta para uma vida de cômoda sobriedade a milhares de alcoólicos doentes
que, de outra maneira, poderiam não ter encontrado ajuda. Ofereceu evidência
contundente a parentes e amigos de que os bebedores inveterados podem se
recuperar e tornou possível que médicos, psicólogos, membros do clero e outros
profissionais que trata com alcoólicos pudessem focar o problema do alcoolismo de
outra nova e interessante maneira.
A Primeira Edição do Livro Grande
estava dividida em duas seções principais. A primeira estabelecia com palavras
de esperança e inspiração, os princípios que estavam mantendo sóbrios os AAs. A
segunda parte continha histórias de recuperação escritas pelos pioneiros de
Akron e Nova York. A única seção que não foi escrita por um AA, foi a
declaração introdutória redigida anonimamente por um médico de Nova York que,
mais tarde, foi identificado como o Dr. William D. Silkworth, um dos primeiros
amigos de A.A. na área da medicina.
A seção talvez mais citada do Livro
Grande é o primeiro parágrafo do quinto Capítulo, “Como Funciona”, que começa com as palavras “Raramente vimos alguém fracassar tendo seguido cuidadosamente nosso
caminho”. No mesmo Capítulo, Bill também ampliou os seis passos sugeridos
do programa oral, convertendo-os nos Doze Passos tal como hoje são conhecidos. Ele
raciocinava assim: “talvez devamos
dividir nossos seis pedaços de verdade em pedaços mais pequenos. Dessa maneira
seria mais fácil apertar os pinos ao nosso leitor mais distante, e ao mesmo
tempo poderíamos ampliar e aprofundar as implicações espirituais completando
nossa apresentação”. Bill redigiu os Passos jogado na cama, conforme disse
mais tarde sua mulher, Lois, não porque estivesse doente, mas porque lhe
parecia que esse era “o lugar mais
propício para pensar”.
Animado com a realização, Bill leu
os Passos a dois amigos de A.A., um deles ainda não tinha três meses de
sobriedade. Suas criticas imediatas de que “tem
Deus demais” e “é demasiadamente
severo”, conduziram a mudanças substanciais. Por exemplo, a primeira
redação do Sétimo Passo dizia; “Humildemente,
Lhe suplicamos de joelhos que nos libertasse dos nossos defeitos – sem ocultar
nada”. No manuscrito publicado apareceu amolecido: “Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeiçoes”.
Quando começou a redigir o Livro
Grande, Bill tinha menos de quatro anos de sobriedade, o que parece um milagre.
Mas não o fez sozinho. Alcoólicos Anônimos é na verdade um milagre múltiplo,
porque cada capítulo escrito por Bill foi revisado pelos AAs de Akron e de Nova
York – todos os quais tinham menos tempo de sobriedade que Bill. Foi um esforço
conjunto que refletia a experiência da jovem Irmandade na sua totalidade.
Os primeiros comentários do
anonimamente redigido Livro Grande foram muito variadas. O que apareceu no New York Times o classificou como “um livro extraordinário”, observando
que a tese principal “tem uma base
psicológica mais saudável que a de qualquer outra discussão sobre o tema jamais
encontrada até aquele momento”. Entretanto, a Revista das Doenças Nervosas e Mentais disse que era “uma divagadora confissão ao estilo
evangélico das experiências de vários alcoólicos que se recuperaram
provisoriamente, sob a influencia, principalmente, do espirito de uma ‘reunião
de amigos’. Do significado profundo do
alcoolismo não aparece uma palavra sequer”. E a prestígios Revista da Associação Médica Norte-americana
considerou “uma mistura de propaganda
organizadora e exortação religiosa... sob nenhum conceito, um livro
científico”.
No começo, foram vendidos muito
poucos exemplares, e o movimento, ainda se iniciando, viu-se carregado com
quase cinco mil livros não vendidos e grandes dívidas acessórias. Os
empréstimos de alguns amigos não alcoólicos favoráveis, apenas conseguiam
manter à tona a nova empresa editora. Depois, em março de 1941, após a publicação do artigo de Jack Alexander na Saturday Evening Post, as vendas subiram
como um foguete e foi pedida uma segunda tiragem no mesmo mês.
Demorou 35 anos para vender um
milhão de exemplares do Livro Grande; agora, A.A. distribui um milhão de
exemplares a cada ano, apenas da edição em inglês. De acordo com a
contabilidade mais recente, o Livro Grande foi publicado em 13 idiomas além do
español, incluindo: africâner, alemão, coreano, finlandês, flamenco, francês,
holandês, islandês, italiano, japonês, norueguês, português e sueco. Estão
sendo preparadas traduções para o russo, o polonês e o checoslovaco.
Em 1986 foi publicada a primeira edição em brochura. Esta versão
integral é de tamanho menor que a versão em capa dura, pesa menos e, o preço de
3,20 dólares é mais barato.
Aos recém-chegados é possível que o
estilo do Livro Grande lhes pareça um tanto antiquado, às vezes afetado,
florido, e inclusive severo. Mas, a força das suas palavras já foi provada, e
os primeiros onze capítulos continuam sendo escritos quase da mesma maneira que
em 1939. Ao longo dos anos, a
consciência de A.A. atuando através da Conferência de Serviços Gerais, foi
acrescentando e excluindo histórias de recuperação pessoal refletindo as
mudanças na composição da Irmandade. Mas resistiu a sugestões para modernizar o
estilo ou para fazer “melhoras”.
Na representação que fez diante da
Conferência de Serviços Gerais em abril (1989),
Norm A., diretor de A.A. Grapevine, descreveu uma reunião do subcomitê nomeado
pelo Comitê de Literatura para considerar “como
comemorar o 50º aniversário do nosso Livro Grande”. Parecia que os membros
começavam a imaginar tiragens comemorativas, sobrecapas e sinais de enfeite e
outras lembranças parecidas quando “de
repente uma pessoa disse ‘estamos propondo lembranças e ícones –
precisamente o que queremos evitar. Celebremos a mensagem, não livro’”.
Uma observação que vai diretamente
ao ponto. Entretanto, se não houvéssemos tido o livro, é possível que não
tivéssemos nenhuma mensagem para levar. Então dizemos: Feliz aniversário, Livro
Grande. Estamos felizes por tê-lo, e pela sua mensagem vivificadora.
(*) PARA
SABER MAIS:
N.T.:
Exemplares representativos da evolução das tiragens do Big Book (EUA/Canadá):
ü O exemplar nº 1.000.000 foi presenteado pelo Dr. Jack L. Norris, Presidente da
Junta de Serviços Gerais, ao 37º presidente dos EUA, Richard Nixon (1913-1994),
no dia 16 de abril de 1973.
ü O exemplar de nº 2.000.000 foi presenteado a Joseph
A. Califano Jr. (n. 1931), Secretário de Estado de Saúde, Educação e do
Bem-estar nomeado pelo 39º presidente dos EUA Jimmy Carter, em junho de 1979.
ü O exemplar de nº 5.000.000 foi presenteado a Ruth
Hock Crecelius (1911-1986), primeira secretária não alcoólica da
Irmandade, por ocasião 50º aniversário de A.A. e da 8ª Convenção Internacional
de Montreal, Canadá, em julho de 1985.
ü O exemplar de nº 10.000.000 foi presenteado a Nellie (Nell)
Elizabeth Wing (1917-2007),
secretária e primeira arquivista (não alcoólica) da Irmandade, por ocasião 55º
aniversário de A.A. e da 8ª Convenção Internacional de Seattle, Washington, em
julho de 1990.
ü O exemplar de nº 15.000.000 foi presenteado em 1996, a Ellie Norris, viúva do Dr.
Jack L. Norris (1903-1989). ex-Custódio não alcoólico e
presidente da Junta de Serviços Gerais de A.A.
ü O exemplar de nº 20.000.000 foi presenteado a Al-Anon,
por ocasião 65º aniversário de A.A. e da 11ª Convenção Internacional de
Minneapolis, Minnesota, em julho de 2000.
ü O exemplar de nº 25.000.000 foi apresentado a Jill
Brown, diretora da prisão de San Quentin, Califórnia, em julho de 2005, na Convenção Internacional de AA,
em Toronto, Canadá.
ü O exemplar de nº 30.000.000 foi presenteado à Associação
Médica Americana - AMA, representada pela sua antiga diretora Rebecca
Patchin, M.D., por ocasião 75º aniversário de A.A. e da 13ª Convenção
Internacional de San Antonio, Texas, em julho de 2010.
ü Entre os dias 25 de junho e 29 de
setembro de 2012, a Biblioteca do
Congresso dos EUA realizou uma exposição em Washington, DC, mostrando os 88 livros que “moldaram a Nação Americana e influenciaram na visão que o mundo tem da
América”. Entre esses livros encontra-se o livro “Alcoholics Annonymous” ou Big Book.
Ver em: http://www.aa.org/ newsletters/es_ES /sp_box459_fall12.pdf
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