(Loners – Internationalist Meetings, LIM)
Box 4-5-9, de Ago. Set./ 2008 (pág. 3-4) => http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_aug-sept08.pdf
Título original: “El
Capitán Jack: el marinero solitario que inició un movimiento”
Em janeiro de 1946 apareceu na revista The
Reader’s Digest um artigo escrito na primeira pessoa com o título “A minha volta do submundo do alcoolismo”, um
relato de recuperação condensado da A.A.
Grapevine. Chegou no momento mais oportuno às mãos de Jack S., um homem de
meia idade, oficial da marinha mercante, que, depois de anos de luta estava-se
afundando num mar de álcool. Impressionado com o relato, escreveu uma carta ao
Escritório de Serviços Gerais – ESG, em Nova York solicitando informação,
assistiu reuniões em Boston e embarcou numa viagem pessoal que acabaria por
beneficiar milhares de alcoólicos em todas as partes do mundo.
O Capitão Jack, como é conhecido nos
círculos de A.A., foi a figura chave para dar início às Reuniões de Solitários e
Internacionalistas – RSI (*) (Loners – Internationalist Meetings, LIM),
um serviço de correspondência confidencial que chega aos membros de A.A. do
mundo inteiro que se encontram impossibilitados de participar das reuniões
regulares. Um boletim bimensal é coordenado por um membro do ESG.
Os Solitários são membros de
A.A. que residem ou trabalham em zonas isoladas onde, numa distância razoável,
não há reuniões de A.A. Os marinheiros são conhecidos como Internacionalistas, e
podem organizar grupos a bordo de seus barcos. Os AAs que estão confinados em
suas residências devido a enfermidade ou impedimento físico chamam-se Residentes.
Os membros do RSI compartilham suas experiências,
forças e esperanças uns com outros através de correio eletrônico ou correio
postal e com frequência estabelecem amizades duradouras.
Ainda em seus primeiros anos, A.A.
tentava ajudar pessoas em condições de isolamento que não contavam com o contato
frequente de outros membros da Irmandade. Bill W. e os poucos membros do ESG de
Nova York, tentavam solucionar este problema trocando cartas com os solitários
da mesma maneira que o faziam com os membros que estavam iniciando grupos
regulares em suas comunidades locais. A finalidade desta correspondência era a
de que homens e mulheres pudessem manter sua sobriedade mesmo sem ter contato
pessoal com outros AAs, e, não podendo se reunir pessoalmente podiam se
corresponder entre eles e com o ESG. Isto funcionou e nos Arquivos Históricos
de A.A. existem numerosas cartas de solitários que conseguiram se manter
sóbrios nas mais difíceis situações.
O Capitão Jack residiu em Sharon,
Massachusetts durante seus muitos anos de marinheiro. Escreveu sua primeira carta
ao ESG (então conhecido como Fundação do
Alcoólico), em 28 de março de 1946,
numa época em que a Irmandade, mesmo pequena, crescia muito rapidamente. Esse
foi o começo de uma correspondência regular entre ele e seus novos amigos de
ESG a quem logo iria conhecer pessoalmente. Bill W. parecia estar impressionado
com a recuperação deste marinheiro que tinha exercido a carreira de bebedor
pelos “sete mares dos cinco continentes”.
Jack foi oficial da Marinha de Guerra dos EUA
durante a Primeira Guerra Mundial e depois começou a trabalhar como oficial na
marinha mercante. A economia do país estava passando por uma fase ruim e Jack
teve de começar como simples marinheiro embora tivesse licença de capitão.
Quando os EUA entraram na Segunda Guerra Mundial, encontrava-se a bordo de um
petroleiro no Atlântico Norte. Ao final da guerra estava a bordo de um navio no
Pacífico Sul, quando leu o artigo que iria mudar sua vida.
Em outubro de 1947 visitou o ESG pela primeira vez e conheceu Bill W. “Disseram-me que se tinha A.A., poderia ir a
qualquer lugar do mundo e me manter sóbrio. Bill me ajudou a colocar alguns
livros na minha sacola de marinheiro”, ele disse. Ele ganhou um prêmio numa
loteria que consistia de três exemplares do Big Book; deixou um em Xangai,
outro em Singapura com um, médico e o terceiro com um agente de Abadam, uma
ilha no Irã.
Enquanto levava a mensagem de A.A. a
portos distantes, Jack começou a adquirir certa reputação por seu trabalho pela
Irmandade. O engenheiro de um dos portos visitados por Jack disse que o capitão
se manteve sóbrio durante 14 meses a bordo de um petroleiro trocando
correspondência com o ESG e fazendo o 12º Passo com outros marinheiros e
estava-se convertendo “num verdadeiro
Internacionalista”. Jack consultou o dicionário e ficou sabendo que
internacionalista é uma pessoa que tem algo em comum com dois ou mais países do
mundo. Escreveu ao ESG sugerindo que fosse dado o nome de Internacionalistas ao
grupo mundial de Solitários. O ESG começou a lhe remeter cartas com essa
denominação.
Jack costumava visitar o ESG quando
passava por Nova York e os funcionários tinham por ele grande carinho e
admiração. Charlotte L., uma secretária do ESG, foi quem respondeu sua primeira
carta. Ela lhe enviou uma lista de membros e grupos nos possíveis portos que
ele iria visitar, e, por ela mesma ser alcoólica, lhe assegurou que compreendia
o que era ser solitária no programa. “Quando
comecei estava sozinha e as cartas tinham um valor incalculável” disse, e
acrescentou que tinha havido ocasiões em que se encontrando distante dos
grupos, a correspondência com outro membro foi muito importante para ela. “Portanto, continue a nos escrever se isso
lhe fizer bem. Inclusive, e mesmo sem os grupos, é possível que possa ajudar
outra pessoa”.
Também fez viagens a Palembang, na
ilha de Sumatra, que agora faz parte da Indonésia, porém à época fazia parte
das Índias Orientais Holandesas. Nessa cidade contatou um Solitário de A.A.
chamado Frank F., cujos dados tinha recebido no ESG. “Sempre me lembro de Frank porque ele era o que eu precisava e eu o que
ele necessitava”, disse Jack. “Desde
então fui distribuindo literatura por onde passava Xangai, Cidade do Cabo,
Bornéu, Singapura, Madras”.
Continuou a viajar entre Bombaim, na
Índia e o Golfo Pérsico e outros portos petrolíferos da Austrália, África do
Sul e Ásia, Porém, o tempo que passava nesses portos costumava ser entre oito e
dezoito horas e sendo assim, grande parte de seus contatos com AAs era através
do correio. Na maioria de suas cartas falava de como A.A. funcionava para ele e
inclusive lhe ajudava na sua função de Capitão de navio. A visitar vários
portos se lembrava das experiências infelizes de visitas anteriores quando
ainda bebia.
Desde 1946
até 1948 escreveu muitas cartas
enquanto sulcava os mares ou desde portos longínquos. Numa delas, escrita numa
viagem de Calcutá a Palembang no dia 15 de julho de 1948 dizia “Pela Graça de
Deus, ontem completei dois anos de sobriedade”. Durante esse tempo todo
manteve em seu camarote uma garrafa de uísque sem abrir, e assim continuou
fechada a pesar das tormentas e outras dificuldades. Na etiqueta dessa garrafa
tinha escrito, “É meu desejo que esta
garrafa somente seja aberta para ajudar a tirar a embriaguez de bêbados que
queiram que essa bebedeira seja a última. Se os funcionários da alfândega a
querem, pode ficar com eles. Eu não a
quero”.
A partir do número de setembro de 1948, a Grapevine começou a publicação,
em três edições subsequentes, da história de recuperação do Capitão Jack com o
título de “Um solitário em alto mar”.
A cada visita aos portos ele ia
acrescentando nomes na sua lista de contatos de Solitários/ Internacionalistas
e compartilhando-as com o ESG. Cooperou com o escritório na preparação do “The Internacinalist Round Robin”,
publicado em 1949 e enviado a todos
que constavam na lista de Internacionalistas. Isto se converteu no “LIM Bulletin”, um boletim de seis
páginas de cor amarela, onde apareciam cartas de Jack e outros
Internacionalistas notificando onde se encontravam e como funcionava o programa
para eles. Embora originalmente fosse destinado aos Internacionalistas –
principalmente aos marinheiros, membros de A.A., este serviço foi ampliado em 1976 para incluir outros solitários. O
serviço chegou a ser de tanta importância para os solitários, internacionalistas
e residentes que atualmente o ESG produz um diretório confidencial especial
apenas para os membros do RSI.
Jack continuou trabalhando a bordo de
navios petroleiros até a idade estabelecida pela companhia para sua
aposentadoria, em 1961. Então, o
Capitão Jack Já não era mais um solitário; mudou-se com sua mulher para Cabo
Elizabeth, Portland, Maine onde fixou residência.
Não é de surpreender que o Capitão
Jack tenha-se transformado no patriarca dos grupos de Portland, onde fez uma
multidão de novas amizades. Jack viajou à Convenção Internacional de Montreal e
também assistiu a uma “Reunião de Veteranos” organizada por Lois em Stepping
Stones
O Capitão Jack morreu em 28 de
dezembro de 1988 aos 91 anos, poucos
meses depois de comemorar seu 42º aniversário de sobriedade em AA. Era capitão
de navios petroleiros de uma das grandes companhias petrolíferas. Viajou a
muitos portos do mundo e levou a mensagem de A.A. a lugares remotos raramente
visitados por poucas pessoas. Hoje em dia é lembrado com carinho por seu papel
na criação deste serviço de A.A. que é RSI. Até os últimos dias de sua vida
nunca deixou de se corresponder com seus amigos de A.A.
(*) A sigla RSI é uma liberalidade do transcritor para indicar LIM.
Para saber mais:
Material de Serviço do Escritório de Serviços Gerais.
Solitários Internacionalistas – Serviço de Correspondência
(Transcrito com permisão do artigo recolhido em www.aa.org/en_pdfs/smf-123_en.pdf e
datado em 28/05/2002)
A Reunião
Solitários-Internacionalistas (LIM) é um boletim bimestral confidencial, enviado para Solitários,
Residentes, Internacionalistas, Padrinhos de solitários e Contatos de Porto. O
boletim contém trechos de cartas de membros LIM e inclui nomes completos e
endereços. LIM é distribuído unicamente para os membros acima mencionados que
precisam de confidencialidade da partilha pessoal por meio de correspondência.
Um membro da equipe do ESG coordena o
serviço de correspondência dos Solitários, Residentes e Internacionalistas que
é aberto aos membros de A.A. listados numa das categorias abaixo.
Categorias:
1)
Solitários: são membros de A.A. que residem ou trabalham em
zonas isoladas onde, numa distância razoável, não há reuniões de A.A.
2)
Residentes: são membros de A.A. que estão confinados em suas residências devido a
enfermidade ou impedimento físico
3)
Internacionalistas: são membros de A.A. trabalhando em navios de mar por longos períodos.
4)
Contato de Porto: é um membro de A.A. disposto a servir de contato para
Internacionalistas quando da sua chegada aos portos.
5)
Padrinho de Solitários: é um membro de A.A. com presença ativa nas reuniões de A.A. locais e
compartilha as experiências e atividades desses grupos com Solitários,
Residentes e Internacionalistas por meio de correspondência.
Obs.: um padrinho de solitários não é um Solitário ou um “padrinho” no
sentido tradicional de A.A.
Para participar, um membro de A.A. precisa:
1) Ler e escrever em inglês.
2) Fornecer um endereço permanente para
correspondência.
3) Estar disposto a compartilhar suas
experiências, forças e esperanças através de correspondência. A maioria dos
membros LIM se corresponde via correio postal, mas também podem fazê-lo
via correio eletrônico.
Para receber o Boletim confidencial bimestral Reunião
Solitários-Internacionalistas (LIM), o Box 4-5-9 além do Diretório
anual de Solitários, Residentes, Internacionalistas, e listas de
membros LIM, publicados pelo GSO, os membros de A.A. interessados que
se enquadram nas categorias LIM, deverão entrar em contato com o Escritório
de Serviços Gerais, PO Box 459, Grand Central Station, New York, NY 10163,
ou correio eletrônico: lim@aa.org
Uma visão geral da historia LIM
O primeiro boletim LIM foi impresso em 1949
com o título de “Os internacionalistas Round Robin” e continha umas
poucas páginas e continha alguns excertos de cartas recebidas no ESG e enviado
a um pequeno grupo de Internacionalistas decididos a ficarem sóbrios, não
importando o quanto estivessem isolados.
Em 1963,
o boletim consistia de cinco ou seis páginas mimeografadas em azul. Em 1976 os Solitários e os
Internacionalistas fundiram-se numa única Reunião.
Desde março-abril de 1980 o
boletim passou a ser impresso nas hoje familiares páginas amarelas.
LIM começou
através dos esforços do Capitão Jack S., um marinheiro que encontrou a
sobriedade em A.A. e para mantê-la compreendeu que precisava se corresponder
com outros membros da Irmandade.
Inicialmente, o Capitão Jack procurava contatos nas
cidades portuárias. Numa carta datada em 28 de março de 1946, o Capitão Jack solicitou ao ESG informações a respeito de
contatos porque ele estava “anda no mar,
em um navio petroleiro onde tenho servido por dez anos. Tenho alguns contatos
em terra com membros de A,A, e somente posso cofiar no livro e no andar de
cima”. Então, um membro do pessoal do ESG enviou uma lista de contatos nos
portos e cidades nas quais poderia chegar e o encorajou a escrever para outros
membros trabalhadores no mar, e foi o que ele fez.
Após a publicação pela Grapevine de um artigo de
três partes, a partir do
número de setembro de 1948, contando
a história de recuperação do Capitão Jack com o título de “Um solitário em alto mar”, começou a tomar forma a ideia de
começar uma reunião de Internacionalistas através por correspondência e foi
solicitado ao ESG que indicasse um coordenador com essa finalidade. Foi
sugerido o nome do Capitão Jack para iniciar um grupo a quem ele deu o nome de "Grupo
Internacionalista do Extremo Oriente", alegando
que esse nome “...iria deixar a Irmandade
aberta aos membros solitários estacionados em terra no Extremo Oriente e também
aos navegadores dessas águas sob bandeiras de diferentes nações”.
Alguns AAs atribuem parte do crescimento fenomenal
de A.A. no mundo todo durante esses anos, ao Capitão Jack e a centenas de
Internacionalistas como ele, que, navegando pelos sete mares, levou a mensagem
de A.A. onde quer que ancorasse.
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