Box 4-5-9, Out. Nov. / 2006 (pág. 3-4) => http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_oct-nov06.pdf
Título original: “La Hermana Ignacia: la
delicada monja que llegó a ser nuestro gran apoyo”
A pequenina freira mora nas
carinhosas lembranças dos milhares de alcoólicos a quem ela ajudou no Hospital
St. Thomas entre 1939 e 1952 e no Salão do Rosário do Hospital
São Vicente desde 1952 até pouco
antes da sua morte em 1966. Inácia,
praticamente uma lenda entre os AAs, trabalhou com o Dr. Bob, cofundador de
A.A. para estabelecer no Hospital St. Thomas de Akron o primeiro centro de
tratamento para alcoólicos numa instalação religiosa. Logo depois estabeleceu o
Salão do Rosário do Hospital de Caridade São Vicente. De acordo com um cálculo
estimado, durante 27 anos teve sob seu cuidado mais de 15.000 alcoólicos. O
exemplo da Irmã Inácia e do Dr. Bob sem dúvida preparou o terreno para a
aceitação generalizada do alcoolismo como diagnóstico legitimo para o
tratamento nos hospitais.
A Irmã Inácia, que costumava ser
caracterizada como uma freira “delicada”,
não parecia ser a candidata com maiores possibilidades para realizar este papel
exigente. Mas, atualmente, e possível perceber que a Providência a preparou
para esta grandiosa missão de recuperação e guiou os eventos que contribuíram
para que fosse bem sucedida.
Nasceu no dia dois de janeiro de 1889 em Shanvilly, Condado de Mayo,
Irlanda, e foi batizada com o nome de Della Mary Gavin. A família emigrou
a Cleveland, EUA, quando ela tinha sete anos e já era criança precoce e
carinhosa; deu indícios de talento musical pouco comum, como pianista e cantora
e mais tarde dava aulas na casa dos seus pais. Também se sentiu atraída pela
vida religiosa. Em 1914, juntou-se
às Irmãs da Caridade de Santo Agostinho, e nessa comunidade continuou sua
educação musical e seu aprendizado.
Com estes antecedentes poderia
passar os anos como musicista respeitada na sua diocese, serenamente obediente
e procurada para os mais desejáveis trabalhos. Sem dúvida, foi muito bem aceita
a querida pelos demais membros da sua comunidade e os estudantes.
Mas viu-se envolvida num conflito
que ela não tinha criado. Suas interpretações do canto gregoriano foram
criticadas pelo bispo da sua diocese e ela começou a sofrer muito por causa
dessas duras críticas. Em 1933
sofreu um grave colapso físico e mental que quase a matou. Seu médico lhe disse
que não poderia continuar trabalhando como maestrina de música com tanta
pressão e aconselhou-a a levar isso com calma.
Bill W., num ensaio feito depois da
morte da Irmã Inácia em 1966 disse
que “com grande alegria, a Irmã Inácia
aceitou um posto mais tranquilo e menos distinto. Foi a encarregada das
admissões no Hospital St. Thomas de Akron, Ohio – uma instituição administrada
pela sua ordem religiosa. Inclusive naqueles dias acreditava-se que aquela
tarefa seria demais para ele. Ninguém acreditaria que chegaria aos 77 anos;
somente Deus sabia que estava destinada a atender nos anos posteriores 15.000
alcoólicos e suas famílias”.
Foi
seu encontro com o Dr. Bob que transformou a missão da sua vida. No começo de 1939, ele chegou na sua sala de
recepção do Hospital St. Thomas para pedir que fosse admitido um alcoólico
chamado Walter B. Emitindo diagnósticos diferentes, o Dr. Bob conseguia que
outros alcoólicos fossem admitidos em outros hospitais da cidade, entre eles o
Hospital Municipal onde fez Residência e ainda trabalhava. Mas quase tinha
esgotado a paciência dos administradores dessas instituições e o Dr. Bob
acreditava que o St. Thomas, por ser uma instituição religiosa, poderia ser
mais compreensivo e receptivo.
E
assim foi. Mas a Irmã Inácia e o Dr. Bob tiveram que se esforçar diligentemente
para ganhar a confiança do seu superior e dos administradores do hospital. De
acordo com Bill, conseguiram admitir “de
contrabando” um bêbado trémulo diagnosticado com “indigestão grave”. Mas este homem estava tão bêbado que tiveram
que encontrar um quarto na área privada, e assim foi instalado na floricultura
do hospital. (Um relato bem-humorado diz que o homem, ao acordar, rodeado de
tantas flores acreditou estar morto na funerária).
Percebendo
que não estavam observando o regulamento ao pé da letra, a Irmã Inácia e o Dr.
Bob foram explicar o caso à Superiora do hospital, a Irmã Clementina. “Para imensa alegria dos dois, ela
mostrou-se favorável e de acordo; pouco tempo depois, ousadamente expos o novo
projeto ao conselho administrativo do ST. Thomas” escreve Bill. “... e tão forte foi seu apoio que, em pouco
tempo, convidaram o Dr. Bob para fazer parte do corpo médico do St. Thomas, um
significativo exemplo de espirito ecumênico.
Logo tiveram um pavilhão reservado
para a reabilitação dos alcoólicos – naturalmente sob a supervisão direta da
Irmã Inácia. O Dr. Bob apadrinhava os novos casos e lhes facilitava atenções
medicas sem nunca cobrar nada a ninguém”.
A
Irmã Inácia e o Dr. Bob também faziam uso do recém-publicado livro Alcoólicos
Anônimos, para expor a abordagem de A.A. e eram sempre bem-vindos os
AAs visitantes. A Irmã Inácia, embora continuasse no seu posto como diretora de
admissões do hospital passava tanto tempo quanto lhe fosse possível no pavilhão
dos alcoólicos.
O
cuidado compassivo do alcoólico era, no parecer de Bill, o principal
ingrediente da graça singular da Irmã Inácia. Disse que, “com essa espécie de magnetismo, atraia até ela inclusive os mais duros
e obstinados. Mas nem sempre aguentava as brincadeiras. Quando era necessário
sabia dar provas da sua autoridade. Depois, para amortecer o golpe, valia-se do
seu maravilhoso senso de humor. Numa ocasião, ao ouvir um bêbado recalcitrante
dizer com tom arrogante que nunca voltaria a por os pés num hospital, a Irmã
Inácia respondeu-lhe, ‘Bom, esperemos que não. Mas, no caso de que volte,
lembre que temos pijamas do seu número. Estarão prontos, à sua espera’”.
A
Irmã Inácia acreditava firmemente na abordagem de A.A. e fazia o necessário
para que a toda pessoa admitida no pavilhão dos alcoólicos lhe fosse dada a
informação e o ânimo necessários para viver uma vida sem álcool. Entrevistava
todos pacientes que estavam para receber a alta e os advertia dos perigos do
orgulho, a auto piedade, os ressentimentos, a intolerância e da crítica. Dava a
todos os homens um livro de inspiração e uma pequena medalha religiosa do
Sagrado Coração; a aceitação da medalha simbolizava um acordo entre as partes;
o paciente concordava em voltar ao hospital e devolve-la pessoalmente à Irmã
Inácia (antes de tomar o primeiro trago), se algum dia lhe parecesse que não
gostava da abstinência.
O
Dr. Bob e a Irmã Inácia tralharam juntos mais de dez anos no Hospital St.
Thomas, até a doença e a morte do Dr. Bob em 1950. A Ordem da Irmã Inácia transladou-a em 1952 para o Hospital de Caridade São Vicente, em Cleveland. Ali,
ela instalou um pavilhão para o tratamento de alcoólicos parecido com o do
Hospital St. Thomas. Ademais, deu um jeito para colocar o nome de Rosary Hill
Solarium – Solário do Monte do Rosário
– com as iniciais RHS do Dr. Bob (N.T.: o nome completo do Dr. Bob é Robert
Holbrook Smith).
No
começo da década de 1950, o trabalho
duro estava afetando gravemente a sua saúde;
foi-se tornando cada vez mais frágil e esteve várias vezes às portas da
morte. Durante esses episódios, Bill W. foi visita-la em Cleveland. Destas
visitas, Bill diz: “foi-me permitido
sentar ao lado da sua cama. Nestas ocasiões pude vê-la em seus melhores
momentos. Sua fé perfeita e sua completa aceitação da vontade de Deus estavam
sempre implícitas em tudo que dizia... O temor e a incerteza pareciam ser-lhe
totalmente alheios”.
No
seu último ano. A Irmã Inácia morou em Monte Agostinho, a casa principal da sua
Ordem em Richfield, Ohio. Pouco depois das nove horas da manhã do dia primeiro
de abril de 1966, seu espirito
partiu serenamente deste mundo.
Na
missa de réquiem celebrada na Catedral de Cleveland não havia espaço suficiente
para mais fieis. “Não era hora de se
lamentar”, escreveu Bill, “mas de dar
graças a Deus pela sua imensa bondade para com todos nós”. Da mesma maneira
que os funerais de muitos AAs foi uma celebração da sua vida e das suas obras
compassivas para o bem de milhares de alcoólicos.
Leia também:
“Para a Irmã Inácia”, artigo de
Bill W. em “A Linguagem do Coração”, pág. 436 – Junaab, código 104
http://www.barefootsworld.net/aasisterignatia.html
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