Box 4-5-9, Primavera (março) 2012 (pág. 1-2) =>http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_spring12.pdf
Título original: “El hombre en la
cama”.
Já se perguntou alguma vez como teria
sido receber uma visita de Bill W., e do Dr. Bob para uma abordagem conforme o
Décimo Segundo Passo? Pois Bill D., um reconhecido advogado e vereador da
Cidade de Akron, que no verão de 1935
encontrava-se de novo no Hospital municipal dessa cidade, com delirium tremens, amarrado a uma cama,
por ter esbofeteado duas enfermeiras, alguns anos após o evento, em 1953 numa conversa com Bill W.,
descreveu assim aquela visita:
“Olhei para cima e vi dois grandalhões de mais de 1,80m de altura, de
aspecto muito agradável. Passado pouco tempo estávamos contando vários
incidentes de nossas vidas de bebedores e, naturalmente, não demorei muito para
perceber que vocês sabiam do que falavam... Muitas pessoas já tinham falado
comigo a respeito da minha maneira de beber – de fato, vinham-me visitar e eu
ficava calado e não lhes fazia caso algum. Diziam-me que eu deveria parar de
beber. Certamente, eu sabia disso melhor do que eles; porque além de saber tudo
o que eles sabiam, somente eu sabia o quanto doente ficava.
Vocês dois eram muito simpáticos, e após um momento, lembro que eu
estava falando mais que ninguém... Assim, depois de ouvir uma parte da minha
história, você disse ao Doc – não acredito que saiba que ouvi o que você disse,
mas ouvi – você lhe disse ‘Parece-me que vale a pena trabalhar com ele e salvá-lo’”.
Bill D., que mais tarde seria conhecido
nos círculos de A.A. como o A.A. nº 3
e “o homem na cama”, seguiu falando: “Vocês dois me disseram, ‘Quer deixar a
bebida? Não é assunto nosso sua maneira de beber. Não estamos aqui para lhe
tirar nenhum direito ou privilégio, porém, temos um programa através do qual
acreditamos poder mantermo-nos sóbrios. Parte deste programa supõe que o
passemos a outra pessoa que o necessite e o queira. Se você não o quer, não lhe
faremos perder mais tempo, iremos procurar outra pessoa’”.
A seguir, fizeram várias perguntas a
Bill D.: Acreditava que poderia deixar a bebida por si próprio e sem ajuda?
Acreditava em um poder superior? E, se era assim, estaria disposto a recorrer à
ajuda desse poder superior? Deixaram Bill para que ele próprio pudesse
considerar tudo aquilo; e ele, ali, prostrado na cama do hospital, fez um
repasse mental da sua carreira de bebedor.
Bill D., prossegue: “Pensei no que a bebida tinha feito
comigo... as oportunidades perdidas, pensei nas possibilidades e nas coisas que
me tinham sido oferecidas e como desperdicei todas elas e cheguei à conclusão
de que se não queria deixar a bebida, deveria querer deixá-la...”
Quando aqueles dois homens voltaram
mais tarde, o Dr. Bob perguntou a Bill D., se queria parar de beber. “Sim, Doc”, disse Bill. “Gostaria de deixar a bebida cinco, seis ou
oito meses pelo menos, até que possa colocar as coisas em ordem e começar a
ganhar o respeito da minha mulher e de outras pessoas, consertar minha situação
financeira e coisas assim.
Vocês dois puseram-se a rir com vontade. Depois, um dos dois olhou para
minha cara e disse:
‘Temos algumas noticias ruins. Para nós foram noticias más, e provavelmente
também o serão para você. Mesmo que se distancie da bebida seis dias, ou seis
meses, ou seis anos, se você voltar a tomar um trago, irá voltar a ficar
amarrado de novo a uma cama neste hospital, onde já passou boa parte dos
últimos seis meses. Bill D., você é um alcoólico’.
Segundo lembro, essa foi a primeira vez que reparei nessa palavra. Acreditava
que era um bêbado. E vocês me disseram: ‘Não. Você sofre de uma doença e importa muito pouco o quanto tempo esteja
distante da bebida. Se você tomar um par de tragos irá acabar na mesma situação
em que se encontra agora’. Essas notícias
pareceram-me muito desanimadoras naquele momento”.
A pergunta seguinte que Bill W., e o
Dr. Bob fizeram a Bill foi se ele acreditava que poderia ficar 24 horas sem
beber. “Mas é claro... qualquer pessoa
pode fazer isso”, disse Bill. “É
disso que estamos falando precisamente. Apenas 24 horas a cada vez”, lhe
falaram os dois cofundadores de Alcoólicos Anônimos. “Estas palavras me tiraram um grande peso de cima. A cada vez que me
encontrava pensando na bebida, não me via passando muitos longos e áridos anos
sem beber, mas apenas um breve período de 24 horas”, disse Bill D.
A Bill D., lhe parecia que Bill W., e o
Dr. Bob estavam verdadeiramente contentes por estar sóbrios e disse: “Pareciam estar tão perfeitamente contentes
com sua sobriedade, podia-se ver claramente, e falavam com tanta segurança que,
passados alguns dias, comecei, junto com a minha mulher, pelo menos até um
certo grau, que eu também poderia conseguir... Não me preocupava com a
possibilidade de que o programa pudesse não surtir efeito, porém, não me sentia
absolutamente seguro de poder continuar a prática do programa. Entretanto,
cheguei à conclusão de que estava disposto a fazer todo o possível para
alcançá-lo.
Fiquei mais oito dias no hospital. Durante esses dias comi apenas
chucrute e tomates crus. O dia 4 de julho, Doc visitou-me no hospital e eu
tinha uma amiga que me havia oferecido uma casinha à beira de um lago onde
poderia ficar durante uma semana. Assim, ao sair do hospital, Bill W., o Dr. Bob
e Anne, e eu e minha mulher, viajamos apinhados em um carro para aquela
casinha. Não havia bebidas alcoólicas na casa. No começo foi muito duro. Quase
todo o dia recebíamos visitas e viajávamos até uma pequena ilha para almoçar ao
ar livre e tratar de desenvolver atividades para nos manter sóbrios. Certamente
que a boa companhia e o estar sempre ocupados foram de grande ajuda. Passei
mais de uma semana nesse local. Não foi nada fácil, mas estava disposto a
seguir em frente para me desfazer daquele problema que eu tinha...
Com o passar dos dias, comecei a recuperar minha saúde e deixei de me
sentir como se sempre tivesse que ficar escondido. Continuo assistindo às
reuniões porque gosto de assistir. Nelas, encontro pessoas com as que gosto
falar. Outra razão que tenho para continuar assistindo é que continuo a ser
grato pelos bons anos que tenho passado”. Contou Bill D., a Bill W.
Bill D., morreu em Akron na noite da
sexta-feira, 17 de setembro de 1954.
Em sua memória Bill W. escreveu: “Melhor
dizendo, as pessoas dizem que morreu, mas de fato não é assim. Seu espírito e
seu exemplo ainda vivem nos corações de incontáveis membros de A.A.; e não há a
menor de que Bill D., já ocupa uma das inúmeras moradas do além... A força do
belo exemplo que nos deu em nossa época pioneira, irá durar tanto tempo quanto
nossa mesma Irmandade”
PARA
SABER MAIS:
O
quadro a óleo acima foi pintado pelo artista e membro de A.A., Robert M., em 1955 para ilustrar a edição de Natal da revista Grapevine em
dezembro daquele ano. Nele, o pintor retrata os dois cofundadores de A.A., Bill
W. e o Dr. Bob, levando a mensagem a um homem acamado que o público identificou
como sendo o terceiro membro, ou seja, Bill Dotson (1892-1954).
Seu título original foi “Came
to Believe" ou, “Viemos Acreditar”. A pintura logo se
tornou muito popular entre os membros da Irmandade e reproduções simples, a
quatro cores, foram disponibilizadas para venda.
Em maio de 1956 a tela foi presenteada pelo autor a Bill W., que a emoldurou e
pendurou no escritório de sua casa, em Bedford Hills, Nova York, onde permanece
depois de a casa ser convertida em museu. Em sua carta de agradecimento ao artista,
Bill escreveu: “Ao olhar para seu quadro, pode-se ver o coração e a
essência de A.A.”.
Em 1973, com a publicação do livro “Came to
Believe" ou, “Viemos
Acreditar”, e para evitar confusões, os
editores da Grapevine mudaram o titulo da ilustração para “The man on the
bead”, ou “O homem na cama”. (Bill
D. não chegou a ver a pintura; ele havia morrido em 17/09/1954).
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