William Griffith Wilson morreu na
madrugada do domingo e com o anúncio de sua morte, foi revelado que ele era
Bill W. o cofundador de Alcoólicos Anônimos em 1935. Tinha 75 anos.
Ao seu lado estava sua esposa, Lois,
que lhe fora leal durante seus anos de “bêbado
decadente” e que mais tarde trabalhara ao seu lado para ajudar outros
alcoólicos. Ela é uma das fundadoras dos Grupos Familiares Al-Anon e Alateen,
que lidam com os medos e insegurança sofrida por cônjuges e filhos de
bebedores-problema.
Como Bill W.,
o Sr. Wilson compartilhou o que ele chamou de “experiência, força e esperança” em centenas de palestras e
escritos, mas – por ter tido a consciência que era “apenas mais um cara chamado Bill, que não podia lidar com a bebida”
- seguiu o conselho dos companheiros alcoólicos, e recusou um salário por
seu trabalho em favor da Irmandade. Ele sustentava-se (e mais tarde também sua
esposa) com os direitos autorais dos livros de A.A.
O Sr. Wilson deu permissão para quebrar
seu anonimato de A.A. após a sua morte em um comunicado assinado em 1966. O papel do Dr. Robert Holbrook
Smith como o outro fundador da irmandade mundial foi divulgada publicamente
quando o cirurgião de Akron, Ohio, morreu de câncer em 1950, após 15 anos de sobriedade ininterrupta.
Ao criar a doutrina que os membros não
devem revelar sua filiação a A.A. a nível público, Bill W. explicou que “o anonimato não serve apenas para nos
proteger da vergonha e do estigma do alcoolismo; seu propósito mais profundo é
evitar que nossos egos tolos corram como um animal selvagem atrás de dinheiro e
fama, às custas de A.A.”.
Sentimento de inferioridade
O Sr. Wilson evitava a eloquência e eufemismos
e impressionava seus ouvintes com a simplicidade e franqueza de sua “história” de A.A.
Em sua terra natal, East Dorset,
Vermont, onde ele nasceu em 26 de novembro de 1895 e onde frequentou uma escola de ensino fundamental que tinha
apenas duas salas, lembrou, “eu era alto
e desajeitado, e me sentia muito mal porque crianças menores me empurravam pra
lá e pra cá. Lembro-me de ter ficado deprimido por um ano ou mais, então tive
uma determinação feroz de ser vencedor, ser o homem nº 1”.
“Nos anos loucos”, ele lembrou, “Eu estava bebendo para sonhar grandes sonhos de poder e
grandiosidade”. Sua esposa foi ficando cada vez mais preocupada, mas ele
assegurou que “os homens geniais criam
seus melhores projetos quando estão bêbados”.
Ajuda do Grupo de Oxford
No final de 1934, ele foi visitado por um antigo companheiro de bar, Ebby T.,
que disse ter-se da compulsão de beber com ajuda do grupo “First Century Christian Fellowship – Companheirismo Cristão do
Primeiro Século (agora conhecido como
Rearmamento Moral)”, então conhecido
como Grupo de Oxford, um movimento
fundado na Inglaterra, pelo falecido Dr. Frank N. D. Buchman.
Um mês depois, Bill W. estava
cambaleante no Towns Hospital, uma instituição de Manhattan, para o tratamento
de alcoolismo e dependência de drogas. O Dr. William Duncan Silkworth, seu
amigo, conduziu-o até a cama.
Então, o Sr. Wilson lembrou-se do que
Ebby T. tinha dito: “Você admite sua
derrota, você começa a ser honesto com você mesmo... e reza para qualquer
Deus que achar que existe, mesmo que seja para fazer uma experiência” Bill
W. acabou gritando: “Se há um Deus, que
se manifeste. Estou pronto para fazer qualquer coisa, qualquer coisa!”.
“De repente”, disse ele, “a sala iluminou-se com uma grande luz branca. Senti um êxtase que não
há palavras para descrever. Parecia que um espírito estava soprando e não
apenas um vento de ar. Com aquela explosão sobre mim libertei-me”.
Recuperando-se lentamente, e tomado por
entusiasmo, o Sr. Wilson imaginou uma reação em cadeia entre bêbados, cada um
levando a mensagem de recuperação para o próximo. Enfatizando em primeiro lugar
a sua regeneração espiritual, e trabalhando juntamente com os Grupos Oxford,
ele lutou durante meses para tornar o “mundo
sóbrio”, mas não conseguiu muito.
“Olhe Bill”, o Dr. Silkworth advertiu, “você está pregando a esses bebuns. Você
está falando sobre os preceitos de Oxford de absoluta honestidade, pureza,
altruísmo e amor. Dê-lhes o enfoque médico, enfatize sobre a obsessão que os
condena à bebida. Isso, passado de um alcoólico para o outro pode derrubar os
duros egos”.
O Sr. Wilson, então, se concentrou na
filosofia básica de que o alcoolismo é uma alergia física somada a uma obsessão
mental - uma doença física, mental espiritual que, embora incurável, pode ser
detida. Muito mais tarde, o conceito de doença do alcoolismo foi aceito por uma
comissão da American Medical Association e pela Organização Mundial de Saúde.
Ainda sem beber, seis meses depois de
sair do hospital, o Sr. Wilson foi a Akron, Ohio, para representar um comprador
de ações. Ele perdeu o negócio, e estava prestes a entrar noutra disputa ao
passar pelo bar no saguão do Hotel Mayflower. Em pânico, ele procurou a força
interior e lembrou que ele tinha, até agora, ficado sóbrio ao tentar ajudar
outros alcoólicos.
Através de canais do Grupo de Oxford,
naquela noite, ele foi apresentado ao Dr. Robert Holbrook Smith, um cirurgião
e, como ele, natural de Vermont, que em vão procurou curas médicas e ajuda
religiosa para sua compulsão por bebida.
Bill W. conversou com o médico sobre
seu antigo padrão de consumo e sua possível libertação da compulsão.
“Bill foi o primeiro ser humano vivo com quem eu já tinha falado que,
inteligentemente discutiu meu problema a partir de uma experiência real”. O Dr. Bob, como ficou conhecido, disse mais tarde. “Ele falou a minha língua”.
Os novos amigos concordaram em
compartilhar entre si e com outros companheiros alcoólicos suas experiências,
forças e esperanças. A sociedade de Alcoólicos Anônimos nasceu em 10 de junho
de 1935, o dia em que o Dr. Bob
bebeu seu último gole e abraçou o novo programa.
O Sr. Wilson dizia que o Dr. Smith era “a rocha sobre a qual A.A. está fundada. Sob
seu apadrinhamento, com um pequeno apoio meu, o primeiro grupo de AA no mundo
nasceu em Akron, em junho de 1935”.
http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/sp_box459_january_billmemorial71.pdf
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