Pesquisar este blog

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

7.44. Alcoólicos Anônimos e as orações

Box 4-5-9, Edição de Natal 2002 (pág. 6-7) => http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_holiday02.pdf
Título original: “La espiritualidad de A.A. tiene cabida para todas las religiones, o ninguna”.

“Depois de ter lido grande quantidade de material informativo sobre A.A. em seu sítio na Web (www.aa.org), me armei de suficiente coragem para assistir a minha primeira reunião” escreveu um iniciante chamado Ben E., numa mensagem eletrônica dirigida ao Escritório de Serviços Gerais – ESG, no passado mês de julho (em 2002). “Embora me tenha mantido sem beber desde o dia 11 de junho, minhas primeiras 24 horas de abstinência, acredito precisar da ajuda e do apoio de um Grupo de A.A. para me assegurar no processo de sobriedade e evitar uma recaída. A pergunta que quero lhes fazer é a seguinte: como conciliar o fato de que A.A. parece ter um forte componente espiritual com o fato de que eu sou ateu convicto? Ofenderei outras pessoas na reunião se não rezo o Pai-Nosso? Seria um fator perturbador o fato de um incrédulo ficar entre pessoas crentes em Deus?”
Um membro do pessoal do ESG lhe enviou a seguinte resposta: “Podemos lhe dizer, Ben, que muitos membros de A.A. que foram e ainda são ateus ou agnósticos, têm podido manter-se longe do primeiro gole, dia após dia, colocando em prática os princípios da Irmandade representados pelos Doze Passos e as Doze Tradições. No que dizem respeito à fé, os AAs sóbrios caminham por trilhas muito diferentes. A.A. não é um programa religioso. Dizemos em nosso Preâmbulo que não estamos ligados a nenhuma seita ou religião, e que o único requisito para ser membro de A.A. é o desejo de parar de beber”.
Disse ainda que, “em muitos Grupos dos EUA e Canadá é tradicional encerrar as reuniões proferindo o Pai-Nosso ou a Oração da Serenidade, porém, cabe ao Grupo determinar o que, como e se fazer ou não. É provável que, segundo alguns pioneiros, o costume de rezar o Pai-Nosso tenha sido herdado do Grupo de Oxford, precursor de A.A.
Os Arquivos Históricos de A.A. guardam materiais explicando que naqueles primeiros tempos em que não existia literatura própria e nem sequer a Irmandade tinha um nome, os Grupos pioneiros recorriam a leituras na Bíblia para inspiração e orientação. Com o tempo essa inclinação religiosa foi desaparecendo na medida em que ficava cada vez mais claro que o programa de recuperação de A.A. – na medida em que a Irmandade ia produzindo sua literatura, podia superar todas as barreiras, aí incluídas as barreiras étnicas, políticas, sexuais, sociais ou religiosas.
Contudo, o Pai-Nosso continuou a ser proferido em muitas reuniões ao redor do mundo. É razoável supor que esse costume de encerrar as reuniões com essa oração teve continuidade porque, como Bill W. explicou mais tarde, ‘não queriam encarregar aos oradores e coordenadores o trabalho, molesto para muitos, de criar suas próprias orações’. Está claro que em toda a história de A.A. a profissão de qualquer oração tem sido um ato estritamente voluntário. É procedimento adotado pela maioria dos Grupos, que o responsável pela coordenação, ao anunciar qualquer oração, peça aos presentes que o façam ‘se não tiverem objeção e assim o desejarem’”.
Na carta que Ben recebeu, o membro do pessoal do ESG faz notar: “Bill W. se declarou durante um tempo como sendo ateu ou agnóstico. Ele acreditava que esse assunto era uma questão de grande significado para A.A. e por isso foi dedicado ao tema integralmente o Capítulo IV do Livro Azul – Nós os Agnósticos. Também no folheto ‘Você pensa que é diferente? ’, aparecem as histórias de um agnóstico e de um ateu.
A experiência coletiva de A.A. sugere que, para alcançar a sobriedade e se manterem sóbrios, os alcoólicos precisam aceitar e depender de uma entidade ou força espiritual que reconheçam como superior a si próprios. Alguns escolhem o Grupo de A.A. como seu ‘Poder Superior’; outros ao ‘Deus conforme sua própria concepção’; e outros dependem de conceitos muito diferentes. O mais importante é que os membros, de forma individual, tenham completa liberdade para interpretar estes valores da maneira que melhor lhes convir; ou para não pensar neles em absoluto. Quanto a rezar o Pai-Nosso, ou, hoje em dia, a popular ‘Oração da Serenidade’ – ou participar de qualquer atividade do Grupo, a decisão cabe unicamente à maioria ou à consciência coletiva do Grupo. A mais ninguém.
Portanto, Ben, você não tem que participar de nenhuma oração, e se alguém se sente ofendido por isso, não é um problema seu, mas dele. E, enquanto a ser o ‘incrédulo’ do Grupo, isso também é assunto exclusivamente seu. É de se esperar que encontre um padrinho compreensivo que possa guiá-lo nos Passos e ajudá-lo a esclarecer suas dúvidas e acalme suas inquietações. Se você comparecer regularmente às reuniões e se mostrar disposto a servir o Grupo, seus novos companheiros, sem dúvida, irão lhe proporcionar uma acolhida muito positiva.
 Também gostaria de lhe dizer que acredito que a totalidade é algo mais que a soma das partes. Em muitíssimas reuniões de A.A. a sala parece repleta de fé e amor e carinho mútuo. Estas coisas eu as sei de uma maneira diferente da costumeira maneira de saber; e, embora não possa demonstrá-lo, eu sei que é realidade. Alguns companheiros, conhecidos meus ao dizer Deus não se referem a um ser sobrenatural ou seguem o conceito judaico-cristão, porém, querem dizer uma ‘direção boa e ordenada’ e esse conceito me ajudou a abandonar o círculo de debate a respeito das crenças de outras pessoas”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário