Pesquisar este blog

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

7.35. O Grupo de Oxford: Precursor de A.A.

Box 4-5-9, Fev. Mar. / 1987 (pág. 6-7) =>http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_feb-mar87.pdf
Título original: “El Grupo Oxford, Precursor de A.A.”.

            Um piloto o descreveu como “uma maravilha que transforma pessoas em seres humanos”. Um jornalista escreveu: “Não é uma instituição nem uma opinião; incentiva a revolução do próprio ser”. Falaram do Grupo de Oxford, o principal precursor de A.A.
            O fundador, ou “Iniciador” como se classificou a si próprio, era um homem alto, trajado impecavelmente, caráter reservado, expressão grave; a muitas pessoas parecia-lhes um profeta improvável.
            Nascido na Pensilvânia em 1889, Frank Buchman iniciou ali sua carreira como ministro luterano. Depois de uma serie de desilusões pessoais, tornou-se um “transformador de homens” e iniciou o Grupo de Oxford entre os anos 1916 e 1920. O Grupo estabeleceu normas éticas muito elevadas para seus membros, incentivando-os a que aspirassem aos quatro absolutos: sinceridade absoluta, pureza absoluta, amor absoluto e desprendimento absoluto. Estes conceitos eram utilizados como unidades de medida do progresso individual.
            Talvez o elemento mais importante da vida deste Grupo fosse a confissão ou o “compartilhamento”. Os primeiros dias do desenvolvimento do Grupo caracterizaram-se por experiências onde os membros ficavam em pé diante de um auditório para descrever a história dos seus fracassos.
            Buchman conseguiu atingir a alta sociedade da época, e seus discípulos estavam cheios de devoção a ele, devida, em parte, ao seu talento para a comunicação. Costumava expressar sua mensagem utilizando metáforas simples, fáceis de compreender: “Se alguém tem uma doença num olho, de que adianta colocar-lhe remédio desde um terceiro andar?” e “Não coloque o feno tão alto que o burro não possa alcançar”.
            Já nos anos de 1930 o Grupo de Oxford conseguiu atrair muitos alcoólicos; e alguns conseguiam se manter sóbrios. Por volta da metade dessa década, Bill W., entrou em contato com o Grupo de Oxford da Igreja Episcopal do Calvário, em Nova York, que dispunha de um serviço para alcoólicos. Quando foi a Akron, em viagem de negócios, foi tomado por uma grande vontade de beber: na sua luta para resistir à tentação, decidiu procurar outro alcoólico que talvez estivesse passando pela mesma dificuldade. Conheceu o Dr. Bob que, por coincidência, estava associado ao Grupo de Oxford.
            Enquanto estes dois homens compartilhavam suas experiências, conseguiram reconhecer o valor dos princípios espirituais, da solidariedade e do vínculo em comum que tinham através do seu alcoolismo. Progredindo da fraqueza para a força, ocorreu-lhes a ideia de que talvez pudessem ajudar outros que estivessem lutando contra o alcoolismo, e assim nasceu Alcoólicos Anônimos.
            Entretanto, o Grupo de Oxford começou a se reunir em grandes assembleias substituindo-as pelas pequenas e intimas reuniões de anos atrás. Em 1938 mudou o nome para “Rearmamento Moral” e começou a trabalhar cada vez mais com assembleias mundiais. Alguns dos primeiros discípulos retiraram-se do movimento, descontentes com a mudança de ênfase do indivíduo para a massa. O principal lema de Buchman naquele então era “Transformar o mundo, transformando a vida”, e isto conduziu o movimento à sua derrocada.
            Na metade dos anos de 1930, Buchman tratou de se entrevistar com Adolf Hitler, convencido de que ele poderia ser tocado e transformado pelo poder de Deus. Não foi bem sucedido, mas insistiu em alcança-lo através de seus partidários. Por este fato, foi rotulado de pro-nazista.
            Os fundadores de A.A. aprenderam uma lição da grandeza e decadência do Grupo de Oxford. Não é apenas uma coincidência que o Preâmbulo diga: “A.A. não está ligada a nenhuma seita ou religião, nenhum movimento político, nenhuma organização ou instituição; não deseja entrar em qualquer controvérsia; não apoia nem combate quaisquer causas”.
            Outro contraste significativo tem a ver com o anonimato. Nos primeiros dias, Buchman insistiu em que fosse mantido o anonimato a nível público; mais tarde descobriu e o uso do nome fazia parte do depoimento, e que poderia ser utilizado para conquistar outros membros. Com um toque de Madison Avenue (*), acreditou que os depoimentos poderiam ser utilizados para vender um modo de vida gratificante, para incentivar o trabalho em equipe nas empresas e promover a espiritualidade.
            Entretanto, a pesar destas diferenças, Bill nunca se furtou a reconhecer a profunda influência do Grupo de Oxford no desenvolvimento de A.A. Falando na reunião do vigésimo aniversário da Irmandade (a segunda Convenção Internacional de A.A., e Saint Louis, Missouri, em 1955), disse “...A.A. retirou os preceitos de autoexame, reconhecimento dos defeitos de caráter, reparação de danos e o trabalho com os outros, do Grupo de Oxford, e, diretamente de Sam Shoemaker, seu ex-líder na América, e de nenhum outro lugar”. 
           
(*), A Madison Avenue é uma grande avenida que corre pela cidade de Nova Iorque, distrito de Manhattan, correndo num sentido norte-sul. É uma via pública de sentido único. Veículos podem transitar apenas para o norte. É uma avenida arterial de Nova Iorque, e uma das mais movimentadas da cidade. Está nomeada em homenagem a James Madison, o quarto presidente dos Estados Unidos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Madison_Avenue

Nenhum comentário:

Postar um comentário