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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

7.31. Preenchendo o vazio entre o profissionalismo e A.A. (dois chapéus)


Box 4-5-9, Abr. Mai./1988 (pág. 9-10) =>http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_april-may88.pdf
Título original:Llenando el vacío entre el profesionalismo y A.A.”.

Antigamente, denominavam-se “os que levam dois chapéus” aqueles AAs que trabalham profissionalmente no tratamento do alcoolismo e da dependência química. Como conseguem manter uma perspectiva sobre a diferença entre “o alcoolismo” e a recuperação em A.A.? Como mantém equilibrada sua condição profissional com uma vida sadia em A.A.?
            Paul O., da Califórnia, médico recém aposentado passou vinte anos sóbrio trabalhando no campo do alcoolismo. “Foi uma decisão pessoal minha a de estabelecer perfeitamente a diferença entre A.A. e o tratamento do alcoolismo. Os dois assuntos coincidem parcialmente, mas não são absolutamente a mesma coisa; de fato,  geralmente os dois competem entre si pelo tempo, a energia e ‘o sucesso’ do membro. Entretanto, não tive motivos para lamentar a diferença; e se, por causa do programa de A.A. minha carreira profissional não foi o que podia ter sido, não o lamento. Se não tivesse minha sobriedade, nunca poderia ter um trabalho”.
            Paul disse que podia falar abertamente a respeito de si próprio nas reuniões, mas unicamente depois de se ter dedicado a um profundo exame de consciência. “Os profissionais que dizem que não podem assistir a uma reunião de A.A., nem falar num Grupo porque pode estar presente um cliente seu, são os mesmos que em outro trabalho diriam que estão demasiado ‘ocupados’ para poder assistir a uma reunião profissional. Minha própria experiência me ensinou que isto é uma desculpa racionalizada para fugir da intimidade e da participação. É possível que estas pessoas se dedicassem ao alcoolismo pela mesma razão que eu me dediquei à medicina – para criar um ‘cotovelo profissional’ e se manter comodamente distantes dos demais”.
            J.L., de Nova York, encontrou dilemas parecidos. “Depois de fazer um depoimento recentemente falando do Nono Passo, um afilhado disse-me brincando ‘que boa palestra você deu’. Seu comentário bateu no cravo, e desde então tratei de refletir bem sobre a diferença de A.A. e minha carreira profissional. como conselheiro, percebo que tenho que deixar minhas credenciais na porta da sala de reunião, juntamente com todo aparelho terapêutico e todas as teorias respeito ao conceito da doença e regimes de desintoxicação. Se permito que entrem comigo, irão me conduzir a uma postura crítica, para não citar a grandiosidade”.
            J.L. diz que “posso até não compartilhar nas reuniões porque antigos pacientes meus estão na sala. Entretanto, tenho que me lembrar de que isto é A.A., e aqui nossa doença é tão perniciosa quanto nossos segredos. Acredito que possa dar bom exemplo aos meus antigos pacientes, compartilhando com eles, e deixando transparecer que eu também tenho problemas pessoais para resolver. Às vezes posso ouvir falar a mim mesmo respondendo num tom profissional como se estivesse respondendo a um paciente num centro de reabilitação. Ou pode ser que caia na tentação de emitir juízo relacionado com a sobriedade de quem fala. A minha solução é manter-me no AGORA e falar com o coração. Estou numa reunião de A.A. e não fazendo minhas rondas no hospital”.
            Durante algum tempo, “o assunto do apadrinhamento me criou um grave problema. Porque ter um padrinho se já tenho todas as respostas? Que negocio e esse de compartilhar meus sentimentos mais profundos, admitir meus erros, e fazer reparações? Faz alguns anos, depois da morte do meu padrinho, falei com várias pessoas, incluindo meu supervisor no trabalho, sem conseguir me conectar. Felizmente, este período não durou muito tempo; encontrei um novo padrinho que me mostrou novamente a importância do apadrinhamento em A.A.”.
            Bob P., que leva 32 anos sóbrio em A.A., e se aposentou recentemente do seu posto como administrador de uma grande instituição de tratamento no estado de Nova York, diz: “embora os conselheiros e outros profissionais que são membros de A.A. têm demonstrado ser trabalhadores muito eficientes no tratamento, acredito que temos uma grande oportunidade de melhorar e nos desenvolver. Primeiro, nós AAs, temos a tendência a nos ‘sobre identificar’ e fundir-nos com os pacientes numa forma terapêutica. As linhas que separam o trabalho do Décimo Segundo Passo do assessoramento tendem a ser muito embaçadas, e o trabalhar com um padrinho de A.A. pode contribuir muito para clareá-las. E, certamente, assistir reuniões, a muitas reuniões”.
            Bob lembra que o apadrinhamento ajuda muito também quando as práticas profissionais parecem entrar em conflito com os princípios e as práticas de A.A., como por exemplo, quando a instituição de tratamento onde o membro trabalha encaminha adictos não alcoólicos às reuniões locais de A.A. O membro de A.A. também pode ver-se confrontado com outro dilema: deve ou não deve assistir às reuniões que se celebram na instituição onde trabalha. Os Guias de Atuação de A.A. para os Membros Empregados no Campo do Alcoolismo (*) - disponíveis gratuitamente no ESG para quantidades de dez ou menos, sugere que seria melhor assistir às reuniões fora da instituição, mas a decisão final é um assunto pessoal.
            “Às vezes andei na corda bamba, entre a minha vida em A.A. e o meu trabalho no campo do abuso de substâncias químicas”, nos conta um AA escrevendo anonimamente desde Kodiak, Alaska. “Os problemas se baseiam na nossa própria humanidade e vulnerabilidade e, de acordo com a minha própria experiência, podem ser resolvidos em grande parte através da comunicação e o compartilhamento contínuo na Irmandade. Lembro que certa vez queria iniciar um Grupo especial para os membros que trabalham no campo do alcoolismo. Depois de discutir o assunto com meu padrinho e outros AAs, abandonei a ideia por considera-la demasiadamente ‘elitista’.
Os problemas continuam surgindo, é claro. Mas, oferecem-me muitas oportunidades para praticar o Décimo Segundo Passo no seu sentido integral: levar a mensagem de sobriedade aos alcoólicos e praticar os princípios de A.A. em todas as minhas atividades. Como disse Bill W., ‘Não vivemos apenas para ficar sóbrios; vivemos para aprender, para servir e para amar’”.

 (*) PARA SABER MAIS:
Veja o “Guia de A.A. para os Empregados no Campo do Alcoolismo”

http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/smg-10_foraamembers.pdf

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