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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

7.37. O Livro Grande faz 50 anos como o “padrinho” mais eficiente de A.A.

Box 4-5-9, Ago. Set. 1989 (pág. 1 a 3) => http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_aug-sept89.pdf
Título original: El Libro Grande cumple 50 años como ‘padrino’  más eficaz de A.A.”.

            Quando o libro Alcoólicos Anônimos saiu da gráfica em abril de 1939, ninguém podia prever que, de toda a literatura de não ficção, chegaria a ser um dos maiores sucessos editoriais já publicados. Sabemos que foram vendidos ou distribuídos oito milhões de exemplares (*) desde aquela data (até 1989); o que não podemos calcular é o número de doentes alcoólicos que, devido a amplitude e à força espiritual do livro, conseguiram alcançar a sobriedade.
            Em 1939, depois de uma discussão acalorada, seu preço foi fixado em 3,50 dólares um pouco elevado para a época (aproximadamente 80,00 dólares em 2013), e apenas dez centavos a menos do que o preço atual (1989). Para compensar, Bill W., o cofundador de A.A.,  e seus amigos selecionaram o papel mais grosso que puderam encontrar. Conforme Bill lembrou mais tarde: “O exemplar original era tão volumoso que foi colocado o nome ‘Livro Grande’. A ideia, logicamente, era convencer o comprador alcoólico que o livro valia o que custava”.
            A secretária não alcoólica de Bill, a falecida Ruth Hock, lembrava o episódio de uma maneira diferente. Como ela entendia, o arrazoado foi “que todos os que iriam ler o livro, no começo estariam trêmulos e nervosos, e por isso não quiseram utilizar caracteres muito pequenos nem papel muito fino. Acreditavam que um alcoólico poderia manusear melhor as folhas se elas forem grossas”.
            Bill começou a trabalhar no Livro Grande – Livro Azul, no Brasil, na primavera de 1938 sem ter ainda concebido um rascunho da obra. Ruth, que datilografou o manuscrito, contou que Bill costumava chegar ao escritório de Fundação do Alcoólico – agora Escritório de Serviços Gerais dos Serviços Mundiais de A.A., levando seus rascunhos em papel amarelo com anotações em cada capítulo. Estas anotações, ela disse, “eram resultado de muita reflexão, depois de horas de discussão, pró e contra, com quem pudesse estar interessado”.
            Bill ficava em pé atrás de Ruth ditando o material enquanto ela o passava para a máquina de escrever. O trabalho caminhava a passos lentos, ela explicou, porque Bill o interrompia toda vez que chegava algum visitante no escritório para conversar.
            Entretanto, depararam com grandes obstáculos. Embora Bill recebe-se “nada além de um caloroso apoio moral” dos membros de Akron, os nova-iorquinos estavam dando o que ele descreveu como “uma verdadeira soba”. É possível que o pessoal de Akron concordasse mais com as ideias espirituais de Bill, enquanto que em Nova York havia mais agnósticos, céticos ou as duas coisas. Ademais, os akronitas confiavam no Dr. Bob, o outro cofundador, um homem a quem toda a comunidade tinha na mais elevada estima; seu apoio à proposta do livro serviu quase como garantia de que os membros de Akron o respaldariam.
            Depois de muita discussão e muita incitação por parte de Bill, a consciência de Grupo prevaleceu nas duas cidades onde A.A. começou, e o caminho parecia estar livre se não houvesse aparecido um empecilho pegajoso: a falta de dinheiro.
            Poucos dos alcoólicos em recuperação tinham dinheiro para investir; entretanto, finalmente conseguiram vender ações – muitas delas em prestações na apressadamente estabelecida editora Works Publishing, Inc. – agora conhecida com o nome A.A.W.S., Inc., ou, Serviços Mundiais de A.A., Bill disse, “porque este livro seria apenas a primeira de muitas ‘obras’ parecidas”. Alguns dos pioneiros dizem que o nome da empresa teve origem num dos lemas favoritos dos membros “It works” ou, livremente, algo parecido com “isto funciona”. Outros dizem que o nome deriva da citação do evangelho preferida dos akronitas (Santiago I,4: “A  fé sem obras é uma fé morta”).
            Empreendeu-se a publicação do livro Grande com pouco dinheiro; entretanto conseguiram publicá-lo. Também é importante o fato de que o livro deu seu nome a um pequeno movimento de ajuda mútua que até aquele momento era conhecido unicamente por “Fundação do Alcoólico” com apenas 100 membros. Atualmente (1989), Alcoólicos Anônimos conta com aproximadamente 1.800.000 membros em 134 países. Ademais, seu programa de recuperação serve como base para Al-Anon, Narcóticos Anônimos, Jogadores Anônimos e outros bem-sucedidos programas de ajuda-mutua.
            O Livro Grande, por ele mesmo, abriu a porta para uma vida de cômoda sobriedade a milhares de alcoólicos doentes que, de outra maneira, poderiam não ter encontrado ajuda. Ofereceu evidência contundente a parentes e amigos de que os bebedores inveterados podem se recuperar e tornou possível que médicos, psicólogos, membros do clero e outros profissionais que trata com alcoólicos pudessem focar o problema do alcoolismo de outra nova e interessante maneira.
            A Primeira Edição do Livro Grande estava dividida em duas seções principais. A primeira estabelecia com palavras de esperança e inspiração, os princípios que estavam mantendo sóbrios os AAs. A segunda parte continha histórias de recuperação escritas pelos pioneiros de Akron e Nova York. A única seção que não foi escrita por um AA, foi a declaração introdutória redigida anonimamente por um médico de Nova York que, mais tarde, foi identificado como o Dr. William D. Silkworth, um dos primeiros amigos de A.A. na área da medicina.
            A seção talvez mais citada do Livro Grande é o primeiro parágrafo do quinto Capítulo, “Como Funciona”, que começa com as palavras “Raramente vimos alguém fracassar tendo seguido cuidadosamente nosso caminho”. No mesmo Capítulo, Bill também ampliou os seis passos sugeridos do programa oral, convertendo-os nos Doze Passos tal como hoje são conhecidos. Ele raciocinava assim: “talvez devamos dividir nossos seis pedaços de verdade em pedaços mais pequenos. Dessa maneira seria mais fácil apertar os pinos ao nosso leitor mais distante, e ao mesmo tempo poderíamos ampliar e aprofundar as implicações espirituais completando nossa apresentação”. Bill redigiu os Passos jogado na cama, conforme disse mais tarde sua mulher, Lois, não porque estivesse doente, mas porque lhe parecia que esse era “o lugar mais propício para pensar”. 
            Animado com a realização, Bill leu os Passos a dois amigos de A.A., um deles ainda não tinha três meses de sobriedade. Suas criticas imediatas de que “tem Deus demais” e “é demasiadamente severo”, conduziram a mudanças substanciais. Por exemplo, a primeira redação do Sétimo Passo dizia; “Humildemente, Lhe suplicamos de joelhos que nos libertasse dos nossos defeitos – sem ocultar nada”. No manuscrito publicado apareceu amolecido: “Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeiçoes”.
            Quando começou a redigir o Livro Grande, Bill tinha menos de quatro anos de sobriedade, o que parece um milagre. Mas não o fez sozinho. Alcoólicos Anônimos é na verdade um milagre múltiplo, porque cada capítulo escrito por Bill foi revisado pelos AAs de Akron e de Nova York – todos os quais tinham menos tempo de sobriedade que Bill. Foi um esforço conjunto que refletia a experiência da jovem Irmandade na sua totalidade.
            Os primeiros comentários do anonimamente redigido Livro Grande foram muito variadas. O que apareceu no New York Times o classificou como “um livro extraordinário”, observando que a tese principal “tem uma base psicológica mais saudável que a de qualquer outra discussão sobre o tema jamais encontrada até aquele momento”. Entretanto, a Revista das Doenças Nervosas e Mentais disse que era “uma divagadora confissão ao estilo evangélico das experiências de vários alcoólicos que se recuperaram provisoriamente, sob a influencia, principalmente, do espirito de uma ‘reunião de amigos’. Do significado profundo do alcoolismo não aparece uma palavra sequer”. E a prestígios Revista da Associação Médica Norte-americana considerou “uma mistura de propaganda organizadora e exortação religiosa... sob nenhum conceito, um livro científico”.
            No começo, foram vendidos muito poucos exemplares, e o movimento, ainda se iniciando, viu-se carregado com quase cinco mil livros não vendidos e grandes dívidas acessórias. Os empréstimos de alguns amigos não alcoólicos favoráveis, apenas conseguiam manter à tona a nova empresa editora. Depois, em março de 1941, após a publicação do artigo de Jack Alexander na Saturday Evening Post, as vendas subiram como um foguete e foi pedida uma segunda tiragem no mesmo mês.
            Demorou 35 anos para vender um milhão de exemplares do Livro Grande; agora, A.A. distribui um milhão de exemplares a cada ano, apenas da edição em inglês. De acordo com a contabilidade mais recente, o Livro Grande foi publicado em 13 idiomas além do español, incluindo: africâner, alemão, coreano, finlandês, flamenco, francês, holandês, islandês, italiano, japonês, norueguês, português e sueco. Estão sendo preparadas traduções para o russo, o polonês e o checoslovaco.
            Em 1986 foi publicada a primeira edição em brochura. Esta versão integral é de tamanho menor que a versão em capa dura, pesa menos e, o preço de 3,20 dólares é mais barato.
            Aos recém-chegados é possível que o estilo do Livro Grande lhes pareça um tanto antiquado, às vezes afetado, florido, e inclusive severo. Mas, a força das suas palavras já foi provada, e os primeiros onze capítulos continuam sendo escritos quase da mesma maneira que em 1939. Ao longo dos anos, a consciência de A.A. atuando através da Conferência de Serviços Gerais, foi acrescentando e excluindo histórias de recuperação pessoal refletindo as mudanças na composição da Irmandade. Mas resistiu a sugestões para modernizar o estilo ou para fazer “melhoras”.
            Na representação que fez diante da Conferência de Serviços Gerais em abril (1989), Norm A., diretor de A.A. Grapevine, descreveu uma reunião do subcomitê nomeado pelo Comitê de Literatura para considerar “como comemorar o 50º aniversário do nosso Livro Grande”. Parecia que os membros começavam a imaginar tiragens comemorativas, sobrecapas e sinais de enfeite e outras lembranças parecidas quando “de repente uma pessoa disse ‘estamos propondo lembranças e ícones – precisamente o que queremos evitar. Celebremos a mensagem, não livro’”.
            Uma observação que vai diretamente ao ponto. Entretanto, se não houvéssemos tido o livro, é possível que não tivéssemos nenhuma mensagem para levar. Então dizemos: Feliz aniversário, Livro Grande. Estamos felizes por tê-lo, e pela sua mensagem vivificadora.
           
 (*) PARA SABER MAIS:
            N.T.: Exemplares representativos da evolução das tiragens do Big Book (EUA/Canadá):
ü O exemplar nº 1.000.000 foi presenteado pelo Dr. Jack L. Norris, Presidente da Junta de Serviços Gerais, ao 37º presidente dos EUA, Richard Nixon (1913-1994), no dia 16 de abril de 1973.
ü O exemplar de nº 2.000.000 foi presenteado a Joseph A. Califano Jr. (n. 1931), Secretário de Estado de Saúde, Educação e do Bem-estar nomeado pelo 39º presidente dos EUA Jimmy Carter, em junho de 1979.
ü O exemplar de nº 5.000.000 foi presenteado a Ruth Hock Crecelius (1911-1986), primeira secretária não alcoólica da Irmandade, por ocasião 50º aniversário de A.A. e da 8ª Convenção Internacional de Montreal, Canadá, em julho de 1985.
ü O exemplar de nº 10.000.000 foi presenteado a Nellie (Nell) Elizabeth Wing (1917-2007), secretária e primeira arquivista (não alcoólica) da Irmandade, por ocasião 55º aniversário de A.A. e da 8ª Convenção Internacional de Seattle, Washington, em julho de 1990.
ü O exemplar de nº 15.000.000 foi presenteado em 1996, a Ellie Norris, viúva do Dr. Jack L. Norris (1903-1989). ex-Custódio não alcoólico e presidente da Junta de Serviços Gerais de A.A.
ü O exemplar de nº 20.000.000 foi presenteado a Al-Anon, por ocasião 65º aniversário de A.A. e da 11ª Convenção Internacional de Minneapolis, Minnesota, em julho de 2000.
ü O exemplar de nº 25.000.000 foi apresentado a Jill Brown, diretora da prisão de San Quentin, Califórnia, em julho de 2005, na Convenção Internacional de AA, em Toronto, Canadá.
ü O exemplar de nº 30.000.000 foi presenteado à Associação Médica Americana - AMA, representada pela sua antiga diretora Rebecca Patchin, M.D., por ocasião 75º aniversário de A.A. e da 13ª Convenção Internacional de San Antonio, Texas, em julho de 2010.
ü Entre os dias 25 de junho e 29 de setembro de 2012, a Biblioteca do Congresso dos EUA realizou uma exposição em Washington, DC, mostrando os 88 livros que “moldaram a Nação Americana e influenciaram na visão que o mundo tem da América”. Entre esses livros encontra-se o livro “Alcoholics Annonymous” ou Big Book.
Ver em: http://www.aa.org/ newsletters/es_ES /sp_box459_fall12.pdf


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